Por Sílvio Costa, vice-líder das oposições na Câmara dos Deputados.
A política é a arte do diálogo, mas, dependendo do político, pode ser também a arte da desfaçatez.
A visita ou tentativa de visita do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), ao ex-presidente Lula, em Curitiba, é um exemplo de cinismo político reles.
O PSB foi o grande responsável pelo impeachment da presidente Dilma, em 2016, uma ruptura da ordem democrática que desorganizou o país e fragilizou as instituições, levando à situação grave que hoje vivemos.
O PSB tinha o número suficiente de deputados para evitar o impeachment de Dilma, porém, ao contrário, ajudou a arrancar do poder a presidente eleita pelos brasileiros.
Sendo mais realista, eu diria que o PSB foi tão algoz do país quanto o PMDB, PSDB e DEM.
Além da derrubada de Dilma, os socialistas - e os de Pernambuco têm o poder na legenda - são responsáveis por um segundo mal à população mais carente: o impeachment desorganizou as esquerdas no Brasil.
O PSB é o maior algoz das esquerdas brasileiras.
Uma análise lúcida dos trágicos episódios políticos do país vai demonstrar que os socialistas, desde 2013, quando abandonaram o governo, trabalharam para derrubar Dilma.
Depois de alcançar o objetivo, em 2016, calaram-se, tentando aparentar um postura de neutralidade ao governo Temer.
Acontece que o golpe não se limitava à derrubada de Dilma.
Lula viria depois.
O golpe previa a prisão do ex-presidente Lula, a busca por destruí-lo política e pessoalmente.
Lula é o primeiro ex-presidente preso, e sem ter a materialidade do crime.
Grande parte do saber jurídico nacional afirma que não há provas contra Lula, o que joga a sua condenação ao limbo da perseguição e da condenação política.
O PSB tem culpa sobre tudo isso.
Mas, agora, Paulo Câmara quer a aproximação e aliança com o PT por mero cálculo eleitoral.
O governador quer, de todo jeito, retirar a candidatura de Marília Arraes.
Ele tem medo de Marília porque sabe que, estando ela na disputa, Paulo Câmara corre o risco de sequer ir ao segundo turno.
Paulo Câmara busca, agora, encobrir o mal que o PSB fez ao país e às esquerdas.
Ele e o PSB, que em 2014 votaram em Aécio Neves (PSDB).
Eu pergunto: o que seria deste país e da Lava Jato se o senador mineiro tivesse sido eleito?
O PSB tenta reparar o mal que fez a Pernambuco e ao Brasil.
O PSB foi profundamente desleal com o ex-presidente Lula.
Acredito na militância do PT.
Ela não vai esquecer o que Paulo Câmara e seus aliados fizeram contra os ex-presidentes Dilma e Lula.