O presidente Michel Temer (MDB) tem compromisso previsto em Pernambuco nesta sexta-feira (23).

A agenda deve ser na Hemobrás, fábrica de hemoderivados em Goiana, na Região Metropolitana do Recife, que foi alvo de polêmica por causa da negociação do ministro da Saúde, Ricardo Barros, para levar o produto com maior valor agregado para o Paraná, seu reduto eleitoral.

A visita de Temer também é em meio ao racha no MDB do Estado, que teve o diretório dissolvido pela executiva nacional, em articulação do senador Romero Jucá, presidente do partido, para entregar o comando ao senador Fernando Bezerra Coelho, vice-líder do governo no Senado.

O Palácio do Planalto afirma que há uma previsão de agenda em Goiana, mas não confirma qual deve ser a atividade de Temer no Estado.

No fim do ano passado, foram anunciados R$ 200 milhões para a Hemobrás.

Ricardo Barros deve deixar o cargo para disputar as eleições, mas outro nome do PP deve assumir a pasta.

LEIA TAMBÉM » Hemobrás: Justiça suspende cobrança de multa do Ministério da Saúde » Ministério da Saúde quer ressarcimento por compra pela Hemobrás » Hemobrás: MPF aponta má-fé de ministro e pede compra de medicamento » MPF pede novamente o afastamento do ministro da Saúde por descumprir decisões sobre a Hemobrás » Paulo Câmara e Temer entram em entendimento e União assegura R$ 200 milhões para a Hemobrás no OGU O imbróglio envolvendo a Hemobrás começou no ano passado, quando Barros anunciou que estava negociando com a Octapharma a transferência da tecnologia de produção do fator VIII recombinante, medicamento usado no tratamento de hemofílicos, para o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).

Hoje, a Hemobrás tem uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a Shire, que prevê a compra do recombinante e a transferência para que passe a ser produzido na planta de Goiana em 2023.

A articulação foi suspensa por intervenção do presidente Michel Temer (MDB), a pedido dos ministros pernambucanos e da bancada do Estado no Congresso.

Apesar disso, o ministério chegou a romper o acordo com a Shire unilateralmente, alegando ausência de investimentos.

A empresa conseguiu, porém, uma decisão da 4ª Vara Cível do Distrito Federal mantendo o contrato.

Acusando a pasta de não cumprir a decisão judicial, o Ministério Público Federal (MPF) chegou a pedir duas vezes o afastamento de Barros.

A compra foi anunciada este mês, sob protestos do governo, que alegou estar pagando mais caro pelo medicamento da Hemobrás.

A fábrica em Goiana custou até agora cerca de R$ 1 bilhão e precisa de mais R$ 600 milhões para concluir os 30% restantes.

Briga no MDB de Pernambuco Um dos aliados que devem receber Temer é Fernando Bezerra Coelho, que recebeu nessa terça-feira (20), após sete meses de racha no partido, o comando do MDB de Pernambuco.

Opositor do governador Paulo Câmara (PSB), FBC se filiou à sigla em setembro do ano passado, com a promessa de Jucá de assumir a presidência da legenda, então com o vice-governador Raul Henry.

A questão foi judicializada pelo grupo de Henry, ligado ao deputado federal Jarbas Vasconcelos, e liminares obtidas no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) garantiram a suspensão da intervenção no diretório local.

Uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém, abriu caminho para o processo, aprovado pela executiva nacional ainda na terça-feira. » Henry reclama ao STF: MDB tenta escolher julgador que ‘dê guarida’ a anseios » Sílvio Costa: ‘Governador, o MDB não pode tirar Raul Henry, mas o senhor pode tirar Marília Arraes?’ » Henry chama FBC de ‘oportunista’ e mantém briga pelo MDB » ‘Não tem ilegalidade. É choro de quem perdeu’, diz Romero Jucá, sobre Raul Henry e Jarbas » ‘MDB nacional sempre teve respeito às suas dissidências’, diz FBC Raul Henry recorreu agora ao Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto Fernando Bezerra Coelho assume o discurso de pré-candidato a governador pelo grupo “Pernambuco quer mudar”, liderado também pelo senador Armando Monteiro (PTB), pelo ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), e pelo deputado federal Bruno Araújo (PSDB).

Em sua última visita a Pernambuco, em fevereiro, Temer tentou colocar panos quentes na briga entre FBC e Raul Henry e afirmou que faria os dois voltarem a se olhar.

Em evento na transposição do rio São Francisco, obra usada pelo presidente desde o ano passado para tentar alavancar a popularidade no Nordeste, os dois pernambucanos se evitaram.

Na reunião da executiva nacional que decidiu pela intervenção no diretório estadual, sentaram frente a frente e trocaram acusações.