O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann anunciou, nesta quarta-feira, em carta aos correligionários, que está se desfiliando do PPS, depois de 26 anos.
No texto, ele faz críticas indiretas à condução do partido, tocado pelo deputado federal Roberto Freire (PPS/SP). “Desligo-me do partido, meu único partido ao longo de toda minha vida pública (**), por discordar da forma pela qual se deu a entrega do seu comando partidário aos que nele ingressarão, uma forma autoritária, que desconsiderou instâncias, sem transparência e ao arrepio da democracia interna.
Chegou-se ao cúmulo do arbítrio de impedir e retirar membros indicados da delegação do Estado de Pernambuco ao Congresso Nacional do partido e substitui-los ao sabor das preferências do sr.
Presidente nacional, sem qualquer comunicação à direção estadual!”, descreve o ministro.
Nesta mesma tarde, de Brasília, o ex-ministro de Cidades, Bruno Araújo, depois de receber uma cópia da carta, fez o primeiro convite formal para que ele entra no PSDB.
Araújo disse que ele mantém muito boas relações com o ex-presidente FHC, entre outros motivos.
O convite não ocorre por acaso.
Neste momento, o deputado federal Daniel Coelho está estudando deixar o PSDB para ingressar no PPS, a convite do ex-ministro Roberto Freire, presidente do PPS.
Há resistência por parte dos aliados de Pernambuco.
Roberto Freire já havia pedido a Raul para definir se definir nestas eleições, se rumaria ao lado do governador Paulo Câmara ou ao lado da oposição, boa parte ocupada por aliados do presidente Temer.
O presidente do PSDB de Pernambuco, deputado Bruno Araújo, também disse que lamentou a saída do ministro Raul Jungmann do PPS.
Veja abaixo a carta de despedida de Raul Jungmann 21 de março de 2018 À Direção, amigos, amigas, companheiros e companheiras do PPS, Hoje estou me desligando do meu e do nosso partido, ao qual servi integralmente nos últimos 26 anos, desde sua fundação.
Na verdade, rompo hoje uma relação que vem de muito antes, desde o início dos anos 70, tempo da resistência democrática, portanto, mais de 40 anos da minha vida pessoal e pública.
Ao longo dessas mais de quatro décadas, exerci três mandatos de deputado federal e um de vereador do Recife, tendo disputado seis eleições.
Com muita dignidade e honra, representei nosso partido nos mais altos cargos da República, tendo sido, dentre outros postos (*), ministro da Reforma Agrária, da Defesa e já agora da Segurança Pública.
Em todos eles, honrei o nome, os princípios e os valores do PPS.
Exerci ainda, e com aplicação, cargos nas estruturas partidárias municipal, estadual e nacional, cumprindo sempre e no limite das minhas capacidades, os encargos, missões e responsabilidades a mim atribuídas ou delegadas.
Desligo-me do partido, meu único partido ao longo de toda minha vida pública (**), por discordar da forma pela qual se deu a entrega do seu comando partidário aos que nele ingressarão, uma forma autoritária, que desconsiderou instâncias, sem transparência e ao arrepio da democracia interna.
Chegou-se ao cúmulo do arbítrio de impedir e retirar membros indicados da delegação do Estado de Pernambuco ao Congresso Nacional do partido e substitui-los ao sabor das preferências do sr.
Presidente nacional, sem qualquer comunicação à direção estadual!
Nada temos a opor à entrada de novos quadros no partido; aliás, ela se faz necessária diante dos desafios à frente.
Mas, à custa do respeito e história dos que fazem e fizeram o PPS, é inaceitável e humilhante.
Sigo na política, escolha de vida inafastável dos meus sonhos de um mundo mais justo e de paz.
Foi apenas pelas responsabilidades e riscos de assumir a segurança pública do Brasil nesse grave momento de crise, que declinei de participar das eleições, exclusivamente, este ano.
Aos que permanecem meus melhores votos de felicidade, sucesso e paz.
Jamais imaginei que esse dia viesse ao meu encontro.
Saudações democráticas e de eterno carinho e amizade.
Muito obrigado a todos e a todas.
Raul Jungmann (*) Secretário Estadual de Planejamento, Presidente do Incra, Presidente Nacional do Ibama, Presidente do Conselho de Administração do BNDES. (**) Fui, como muitos, membro do MDB durante a resistência democrática.