Seis meses após a denúncia do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra políticos do Partido Progressista por organização criminosa devido ao suposto na Petrobras, investigado na Operação Lava Jato, a atual titular do cargo, Raquel Dodge, voltou a defender a acusação.

A chefe do Ministério Público Federal (MPF) encaminhou nessa segunda-feira (12) ao Supremo Tribunal Federal (STF) um documento rebatendo a defesa de integrantes do PP, como o presidente nacional da legenda, Ciro Nogueira (PI), o líder do governo no Congresso, Aguinaldo Ribeiro (PB), e o deputado federal Eduardo da Fonte (PE), alvos de Janot.

A denúncia foi apresentada em setembro do ano passado, após dois anos de investigação contra o PP, o PT e o MDB.

Políticos dos três partidos são apontados pela Procuradoria como integrantes do núcleo político da Lava Jato.

O MPF afirma que a propina paga ao grupo chegou a R$ 377.267.122,83, supostamente viabilizada através de contratos na Diretoria de Abastecimento da Petrobras, no período de 2004 a 2014.

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Com novos acordos, outras informações foram anexadas, como foram os casos do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) e de executivos e ex-executivos da Odebrecht. “Pedro Corrêa esclarece que, no caso específico do núcleo político do PP, o interesse dos líderes era o de obter cargos estratégicos na administração pública federal, com o objetivo de arrecadar propina perante os empresários que se relacionavam com essas empresas e órgãos públicos.

A implementação das indicações era de responsabilidade de José Dirceu e, nos casos mais importantes, do próprio ex-presidente Lula”, afirma Dodge.

No momento da denúncia, em setembro do ano passado, nomes e informações não foram revelados porque a delação do ex-deputado pernambucano estava sob sigilo. » Pedro Corrêa diz que sua geração fazia ‘eleição com dinheiro’ » Filha de Pedro Corrêa deve se candidatar a deputada em Pernambuco » Propina de R$ 1 milhão para Gleisi foi no ‘fio do bigode’, diz Pedro Corrêa » Em delação, Pedro Corrêa diz que Lula forçou nomeação de Paulo Roberto Costa “Em acordo de colaboração premiada, Pedro Corrêa falou da utilização do Ministério das Cidades como órgão arrecadador de propina.

Nos Termos de Depoimento n. 8 e 25, o colaborador afirma que Severino Cavalcanti, integrante do PP e presidente da Câmara dos Deputados, eleito em 2005, forçou a indicação de Ciro Nogueira para o Ministério das Cidades, expressando, diretamente para o Presidente Lula, que se o PP não fosse atendido nesse pleito, a Presidência da Câmara levaria ao Plenário da Casa a chamada ‘pauta-bomba’, projetos de lei que atravancariam o Governo.

Ademais, Severino Cavalcanti lembrou que arquivara treze pedidos de impeachment contra Lula”, relata ainda a procuradora-geral da República.

Dodge escreve no documento que, ao contrário do que afirmam as defesas, a denúncia não foi baseada apenas em delações contraditórias, mas também em números, emails, documentos e outros materiais.

Dodge ainda rebate a tese dos advogados de que a denúncia “é inepta por não narrar suficientemente as condutas delitivas e as circunstâncias dos crimes”. » Prioridade do PP é o Senado, com Cleiton Collins ou Eduardo da Fonte » Lava Jato já bloqueou 44 milhões de dólares no exterior em 2018 » Genro de Pedro Corrêa é preso em nova fase da Lava Jato » Pedro Corrêa relata ligação de Lula a diretor da Petrobras por propinas ao PP “A denúncia narra minuciosamente, na medida do possível, os fatos que são atribuídos aos acusados. É evidente que, em um contexto de atuação oculta e disfarçada de uma grande organização criminosa, que agia mediante o recebimento de vantagens indevidas no âmbito de complexo esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, alguns acontecimentos não são expostos em todas as suas particularidades, mas isso decorre da própria forma coletiva, clandestina e multifacetada com que os crimes foram cometidos”, afirma. “Contudo, em que pese a citada relativização das exigências formais da denúncia nos crimes coletivos, a inicial acusatória descreve de forma clara, objetiva e individualizada a atuação de cada um dos denunciados que, desde 2004, utilizando-se dos mandatos parlamentares e na qualidade de membros do Partido Progressista, integraram pessoalmente o núcleo político de uma grande organização criminosa estruturada para arrecadar em proveito próprio e alheio vantagens indevidas no âmbito da Administração Pública Federal direta e indireta.” Sobre o caso, Eduardo da Fonte afirmou: “Confiamos na justiça”.

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