Estadão Conteúdo - O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, pediu nesta quinta-feira (8) que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, coloque em pauta no plenário da Corte a discussão sobre a distinção entre traficante e usuário de drogas.
Na avaliação do ministro, uma decisão sobre o assunto pode dar início à solução de problemas relacionados à superlotação do sistema penitenciário brasileiro.
Após o encontro, Jungmann disse a jornalistas que a lei antidrogas não informa a quantidade que distingue o traficante do usuário. “Como a lei não traz essa quantidade fica muito difuso, ao arbítrio de cada juiz, de cada Corte, de cada Vara, estabelecer quem é usuário e quem não é.” De acordo com ele, o ministro Alexandre de Moraes disse que “em breve apresentará o seu voto”.
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O Brasil prende muito, mas prende mal.
Temos muitas penitenciárias e presídios cheios de pessoas que cometeram pequenos delitos, enquanto grandes barões e traficantes, aqueles que sequestram, matam, dominam o território, não conseguimos colocar em presídios de segurança máxima.
E isso é insustentável.” Na avaliação do ministro, se o Estado mandar aos presídio usuários que não têm antecedentes criminais, não são portadores de armas, o crime organizado ganhará “legiões e exércitos”. “Precisamos ter nos presídios e penitenciárias os bandidos que sequestram, que matam, os grandes traficantes, aqueles que estão armados com fuzis, aqueles que amedrontam.
São e devem ter a mão pesada, o punho de ferro do Estado, para pagarem pelos seus crimes.
Caso contrário, não é sustentável manter essa política.” Segundo o ministro, a intervenção federal no Rio de Janeiro não foi tratada no encontro.
Censo penitenciário O ministro afirmou que a presidente da Corte, Cármen Lúcia, está concluindo o cadastro de todos os presos do País. “Em maio ela terá isso.
Não será preciso fazer o censo prisional, mas precisamos fazer o censo da condição das penitenciárias e de como elas estão funcionando.” Jungmann informou ainda que o BNDES disponibilizará R$ 20 milhões para a realização do levantamento de prisões brasileiras “Tratamos também da possibilidade do fundo penitenciário financiar unidades não só fechadas, mas semiabertas.
E da possibilidade de o fundo financiar albergues, porque quem sai da prisão não tem emprego e está em fase de transição para voltar à vida normal. É importante a realocação para que a pessoa volte à sociedade.”