Por Roberto Numeriano, em artigo enviado ao Blog de Jamildo Uma de minhas vaidades acadêmicas foi ter sido um dos poucos cientistas políticos (se não o primeiro, no Brasil, naquele instante) a denunciar que a tal “condução coercitiva” do ex-presidente Lula (por um ato criminoso do parcial Moro) era o início de um golpe de Estado, em 04 março de 2016.
Recebi críticas de alguns colegas; outros me olharam atravessado.
O artigo intitulava-se “Um golpe a galope (a era do terror)”, e foi publicado no dia 21/03/2016, no Blog de Jamildo.
As duas semanas seguintes ao abuso de autoridade foram de análises e leituras sobre os interesses e os movimentos do Judiciário (STF, PGR, MPF e o indefectível Moro), bem como da mídia oligárquica e o próprio executor do golpe, a Câmara Federal.
O que estava por trás das ações radicais e claramente traiçoeiras daqueles agentes e autoridades públicas?
Concluí que havia um golpe de Estado (de um novo tipo, Parlamentar) pelo fato de os dois principais atores terem sido se tornado alvo dos corruptos e golpistas: a presidente Dilma e o petista Lula.
E cheguei a essa conclusão porque os políticos que se moviam no sentido de rasgar a Constituição Federal sob falsas alegações de um crime cometido pela presidente defendiam uma agenda social, política e econômica oposta àquela escolhida pelos eleitores.
O golpe de Estado é isso: um grupo toma o poder para implantar um programa oposto ao do grupo derrubado.
Simples assim.
Agora, quando dezenas de universidades começam a oferecer cursos para estudar o golpe de Estado de 2016, fica demonstrado que tínhamos razão na denúncia política e ideológica pioneira.
Já há um consenso acadêmico em Ciência Política sobre a natureza dos eventos de 2016.
Também estou preparando um curso local sobre A Gênese e a Natureza Política e Ideológica do Golpe de Estado de 2016.
Em breve vou anunciar a ementa do mesmo.
Roberto Numeriano é pós-doutor em Ciência Política, professor, jornalista, autor do livro “O que é Golpe de Estado” (Coleção Primeiros Passos, pela Brasiliense) e pré-candidato a deputado estadual, pelo Avante