Apesar do tom bastante crítico com a situação da economia e com a radiografia que fez do momento político nacional, a jornalista Miriam Leitão aproveitou sua palestra de uma hora e 18 minutos, no evento RioMar com o Mercado, nesta sexta-feira, para deixar uma mensagem de otimismo com o Brasil.
A jornalista usou como referências personagens que entrevistou para reportagens na Globo News e que chamou de fazedores de futuro.
Com um deles, do Rio Grande do Norte, disse ter ficado impressionada com a esperança em dias melhores de um agricultor, comemorando até o fato de uma neta, em dois meses, começar a cortar gente, como médica formada.
Na despedida, o agricultor lhe disse que, quando voltasse, ela iria encontrar tudo melhorado. “O que eu faço com este meu pessimismo?
Eu jogo fora!”, declarou.
Ela citou como um dos exemplos as terras produtivas que não estão sendo usadas para agricultura.
Deixadas de lado, poderiam ajudar o Brasil a produzir em um espaço equivalente a Alemanha e Reino Unido.
Um pouco porque temos uma síndrome de desperdício, por termos recursos demais.
Seriam 60 milhões de hectares, de terras disponíveis, sem desmatar.
Miriam Leitão defendeu a democracia como nossa única alternativa. “Nós estamos duvidando da democracia quando temos partidos que não confiamos, líderes que não confiamos.., estamos desanimados, mas só temos este caminho (a democracia”, disse.
Ao manifestar seu otimismo, a jornalista colocou na avaliação o perfil demográfico brasileiro. “Tem muita energia nova para entrar na economia.
O grupo de pessoas com mais de 60 anos é apenas 12,55 da população brasileira”, comentou.
Outros 48,8% da população situa-se entre 0 e 29 anos.
De 29 aos 59 anos somam outros 40,63%.
A própria elevação da qualidade de vida seria positivo, por mostrar os acertos na melhoria da educação e saúde, mesmo com os problemas ainda existentes.
Miriam previu que a inflação iria continuar caindo ou estável e que, com a ajuda dos juros baixos e de uma boa produção de alimentos, não haveria pressões inflacionárias.
Neste cenário, a renda da população iria melhorar até o final do ano, mesmo que o emprego não se recuperasse plenamente.
Ela disse que chega a esta conclusão depois de ver que as pessoas pagaram dívidas no ano passado e assim se reabilitam ao crédito.
Miriam calculou que cerca de R$ 100 bilhões podem ser liberados para poupança ou consumo, com este movimento que se verifica desde o ano passado.
Dadas estas condições, a jornalista disse acreditar que o ano será bom para o setor de varejo. “Há boas chances de o varejo crescer”, pontuou.
Emprego vai demorar a voltar Na mesma palestra, Miriam Leitão disse que o comércio e a indústria estavam mais otimistas, desde a troca de Dilma por Temer, mas que o problema do desemprego continuava. “A gastança foi que nos jogou no buraco.
Decisões erradas na alocação de recursos, como no caso do BNDES para os investimentos, que não se confirmaram”, citou. “Grandes erros tem preço na administração” “(Na campanha de 2015), a máquina de destruição do emprego estava ligada”, citando uma tabela apontando que nas eleições de 2015 existiam 6,4 milhões de desempregados.
Após a posse de Temer, o desemprego pulou de 11,4 milhões para 14 milhões, no pico de 2017.
Agora em 2018, caiu para 12,6 milhões.
Na palestra, ela elogiou as pessoas que estavam encontrando uma forma de serem empreendedoras e criando alternativas para elas mesmas, no meio do desemprego elevado. “É emocionante. É assim que estamos saindo da pior crise de trabalho da história”