Uma disciplina do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), intitulada “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, gerou um embate pelo Twitter nessa quinta-feira (22) entre o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Após o ministro publicar na rede social que solicitou a apuração de crime de improbidade administrativa pelos responsáveis pela disciplina, Dilma chamou a atitude de “arbitrária e retrógrada censura”.

Para a petista, o movimento é “uma terrível agressão à autonomia universitária”.

No Recife, a associação dos professores da UFPE, por óbvio, não poderiam deixar de se posicionar, atacando o ministro pernambucano.

Veja a nota oficial abaixo O curso de graduação de ciência política da UnB (Universidade de Brasília) divulgou recentemente a ementa da disciplina intitulada “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, a ser ofertada neste semestre e ministrada pelo Professor Doutor Luis Felipe Miguel.

A disciplina se refere ao processo político que culminou com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e a consequente posse do presidente ilegítimo Michel Temer na Presidência da República.

Como sabemos, mencionar o golpe incomoda o atual governo e ao que parece, pensar cientificamente sobre ele, incomoda muito mais.

Em uma postagem na sua rede social, o atual ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), criticou a oferta da disciplina e ainda afirmou que irá acionar a AGU (Advocacia-Geral da União), CGU (Controladoria-Geral da União), TCU (Tribunal de Contas da União) e MPF (Ministério Público Federal) para apurar se há algum ato de improbidade administrativa.

Diante do ocorrido, a Associação dos docentes da UFPE manifesta seu repúdio à tentativa desesperada do governo de calar a universidade brasileira diante e de restringir à sociedade de conhecimentos sobre o momento político vivenciado.

Entendemos que as declarações e ameaças de Mendonça Filho, revelam tentativa de censura ao curso como também um severo ataque à autonomia universitária garantida pelo artigo 207 da Constituição Federal de 1988.

Manifestamos também apoio ao Professor Doutor Luis Felipe Miguel, um reconhecido pesquisador da área de Ciência Política, e aos estudantes da UNB.

Assim, os professores da UFPE se posicionam contra o cerceamento e em favor da autonomia da universidade e da liberdade de cátedra.

Entenda a polêmica O pedido do chefe da pasta do MEC foi feito ao Ministério Público Federal (MPF), à Advocacia-Geral da União (AGU), ao Tribunal de Contas da União (TCU), e à Controladoria-Geral da União (CGU).

Para Mendonça, os responsáveis teriam utilizado a matéria para fazer “proselitismo político e ideológico de uma corrente política usando uma instituição pública de ensino”.

Dilma rebateu Mendonça, a quem chamou de “pseudo-ministro”, e comparou o pedido de apuração aos tempos da ditadura no país. “Impedir que se chame os fatos e acontecimentos pelo nome é reação típica dos regimes de exceção.

No passado, durante a ditadura, era proibido dizer que havia presos políticos no Brasil, embora ele enchessem os presídios país afora (…)”, afirmou.

O ministro, então, fez um questionamento à ex-presidente, citando a corrupção na Petrobras e a crise econômica do país. “Faço uma pergunta pública a ex-presidente Dilma.

Em nome da autonomia universitária ela defenderia a criação de uma disciplina intitulada ‘O PT, o petrolão e o colapso econômico do Brasil’?”, disparou o ministro, que cumpre agenda na capital pernambucana nesta sexta-feira (23).

Mendonça assinará a ordem de serviço para a reforma do Centro de Convenções da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e liberará recursos para restauração do Palácio da Faculdade de Direito do Recife (FDR).

O ministro ainda visitará a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e o Museu do Homem do Nordeste, lançando o projeto Mestre dos Sabores da Fundaj em parceria com o MEC.