Com seis mil metros quadrados de área, o Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, é um dos maiores equipamentos turístico-culturais de Pernambuco.
A obra de restauração do mercado encontra-se em fase de conclusão, com previsão de reabertura para o mês de março, mas seu modelo de ocupação e gestão vem sendo contestado pelos moradores do Sítio Histórico, conforme ficou demonstrado na audiência pública realizada na Câmara Municipal de Olinda, por solicitação do vereador Vlademir Labanca.
De um lado, o Governo do Estado, através dos dirigentes do Prodetur (Programa financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e Ministério do Turismo) defende que o Mercado Eufrásio Barbosa tenha uso exclusivo como “centro cultural”, de outro lado, os moradores, através da Sociedade de Defesa da Cidade Alta (Sodeca), querem que o equipamento funcione também como um “mercado público”. “Precisamos aprofundar mais este debate e para tanto ficou deliberado que, no próximo dia 5 de março, será realizado na Câmara de Olinda um seminário com a participação de todas as partes envolvidas na concepção e gestão do mercado, que será a grande referência cultural e turística da cidade,” disse o vereador Jorge Federal, de oposição ao governo municipal.
A audiência pública foi realizada com a participação da secretária executiva do Prodetur, Manuela Marinho; o conselheiro da Sodeca, Edmilson Cordeiro; os secretários municipais Gilberto Sobral (Patrimônio e Cultura) e João Luiz (Turismo e Desenvolvimento Econômico); a professora Vera Milet, especialista em patrimônio histórico pela Universidade Federal de Pernambuco, a representante do Ministério das Cidades, Izabel Urquiza; os vereadores Vlademir Labanca, Jorge Federal, Saulo Holanda, Jesuíno Araújo e Graça Fonseca. “Vejo que é plenamente possível compatibilizar o funcionamento de um centro cultural e de um mercado público, é assim que funciona no Brasil e em todo mundo,” opinou o vereador Vlademir Labanca. “O maior patrimônio de Olinda é o seu morador,” disse a historiadora Aneide Santana, do Arquivo Municipal Antonino Guimarães, ao defender que o Mercado Eufrásio Barbosa funcione como um mercado público e centro cultural, pois “só assim contemplaria os moradores da cidade e os turistas”.
O secretário Gilberto Sobral declarou-se preocupado, levando em conta que a Prefeitura de Olinda teria que assumir os custos mensais de manutenção do Mercado Eufrásio Barbosa quando estiver em pleno funcionamento.
Segundo levantamento feito pela prefeitura, a manutenção do mercado ficará em torno de R$ 250 mil por mês. “Temos que ter o cuidado para não transformarmos o Mercado Eufrásio Barbosa numa nova Arena Pernambuco, obra grandiosa mas de pouca utilidade,” comentou Edmilson Cordeiro, da Sodeca.
Jean Pierre, representante do Movimento Negro Unificado, registrou “o desagrado quanto a ausência de capoeiristas e de grupos de maracatus na nova concepção do mercado”.
Diante do aparente conflito de interesses entre as concepções de “centro cultural” e “mercado público” ficou deliberado a realização, no próximo dia 5 de março, no plenário da Câmara Municipal de Olinda, de um seminário sobre o Plano de Gestão do Mercado Eufrásio Barbosa.