A denúncia foi feita nesta segunda-feira (19.02) pelo deputado Álvaro Porto (PSD) em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado.
O parlamentar disse que os dez homicídios registrados em São José da Coroa Grande, nos últimos quatro dias, ‘obrigaram’ o Governo do Estado a reabrir às pressas e ‘sem nenhuma condição de funcionamento’ a delegacia do município.
O deputado divulgou fotos ampliadas do imóvel e afirmou que a delegacia estava fechada há cerca de quatro anos. “A tragédia do Litoral não é obra do acaso”, argumentou, acusando indiretamente o governador pelas mortes. “O prédio está completamente deteriorado, com todos os recintos comprometidos, teto desabando, paredes infiltradas, móveis e equipamentos de trabalho sucateados, pastas de processos abandonados.
Nem mesmo água tem.
Enfim, a situação é tão precária que o cidadão que precisar de atendimento na delegacia pode levar um choque por conta da soma das infiltrações com a energia religada às pressas”, disse. “Diante deste quadro, se conclui que os dez homicídios ocorridos em São José nos últimos quatro dias não ocorreram por acaso, nem foi sina ou fatalidade.
A situação resulta do descaso do governo com a segurança.
Descaso muito bem simbolizado pelas ruínas da delegacia.
As fotos estão aqui.
Como pode se combater tráfico de drogas e a criminalidade que ele gera se nem mesmo uma delegacia existe?
Como cobrar resultado de policiais que trabalham no limite e sem a estrutura básica?”, indagou.
O deputado disse que o que ocorreu em São José ‘exemplifica bem a incapacidade da gestão de Paulo Câmara de combater a violência e de se adiantar ao que os dados apontam’. “Naquele município, segundo informações da própria Secretaria de Defesa Social, em 2016 ocorreram 18 homicídios, enquanto em 2017 o total avançou para 41 casos.
O aumento foi de 127% entre os dois anos e levou São José deter a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes de Pernambuco.
Apesar do crescimento extremamente expressivo, não houve reforço de policiamento e nem registro de políticas públicas capazes de inibir o que motiva os assassinatos, afirmou.
No discurso, o deputado destacou ainda a inclusão de outros 15 municípios na relação dos que, assim como São José, registraram explosão de violência entre 2016 e 2017. “É mais um elemento a confirmar a falência das políticas de segurança da gestão.
Os números (da criminalidade) que agora começam a cair, é consequência óbvia da matemática da repressão.
Com mais homens nas ruas, a violência é inibida.
Inúmeras vezes apontamos aqui a pouca quantidade de policiais como causa de tantas ocorrências.
Agora, o não dá pra deixar falar é que a natural diminuição dos casos não resolve as consequências nocivas de anos de descaso com as duas polícias”. “Esta conta do descontrole, evidenciada com a explosão dos assassinatos nos municípios, é alta e está na mesa desta gestão.
Desde 2015, trazemos aqui casos de delegacias, viaturas e armas sucateadas, casos de esvaziamento de batalhões, de PMs que cobrem municípios imensos com carros sem gasolina e de vaquinha de comerciantes para colocar motos da Rocam na rua, entre outros”, disse. “O desmonte das polícias, o sucateamento das estruturas de batalhões e equipamentos acarretaram e acarretam prejuízos de muitas outras ordens.
As pessoas mudaram hábitos, estão apavoradas; comerciantes amargam perdas nos negócios; famílias de cidadãos e policiais mortos são destroçadas.
Não é por acaso que a marca desta gestão são os 5 mil e 400 homicídios registrados em 2017, o maior índice em dez anos”.