Caro Luciano, Há alguns meses, escrevi aqui no Blog de Jamildo que a sua pretensa candidatura à Presidência da República era, como o seu próprio bordão diz, uma “loucura, loucura, loucura”.

Hoje soube que você desistiu da ideia.

Eu gostaria de parabenizá-lo por isso.

E de lhe explicar o porquê.

Como disse no primeiro texto, acho extremamente válido o seu engajamento em movimentos de renovação política.

De lá para cá, pude conhecer melhor algumas ideias, práticas e pessoas que estão junto com você no Agora! e no RenovaBR, iniciativas que pretendem agir por dentro da política institucional para renová-la e qualificá-la.

Pude ainda ler alguns poucos bons textos que analisavam sua história de vida e seu interesse em encarar a política.

Apesar de não conhecê-lo pessoalmente e saber muito pouco ou quase nada sobre suas convicções, minha simpatia pelo seu engajamento só aumentou desde então.

Acredito que a tão necessária renovação política no Brasil passa sim pelo interesse de cidadãs e cidadãos de todas as classes sociais, profissões e regiões do país.

Se nos pautarmos na ética, na transparência e na defesa da agenda da sustentabilidade (em seu sentido mais amplo), conseguiremos qualificar a nossa democracia.

Desconstruir a predominância das velhas práticas, contestar os caciques partidários, trocar a corrupção pela transparência, pela efetividade da gestão e das políticas públicas.

Sem arroubos, sem discurso de ódio, sem personalismo.

E é aí que se concentrava a minha crítica à sua possível candidatura à Presidência e meus parabéns à lucidez de sua desistência.

A despeito do que alguns comentaristas sugerem, não acredito que as questões profissionais e pessoais tenham sido as determinantes.

Como alguém que já enfrentou o desafio de empreender uma candidatura, sei que estas são variáveis fundamentais sim, mas que de largada já colocamos na cota dos sacrifícios (que, acredite, não são poucos).

Se você pautou sua decisão na troca de uma candidatura que poderia ser taxada de aventureira, prematura e personalista por um engajamento cívico sustentável, pautado na inovação e na renovação genuína da política, bingo: acredito que este é o melhor caminho. É claro que Luciano Huck pode sim ter aspirações eleitorais.

Por que não?

A democracia está aí justamente para isso!

E é perfeitamente legítimo alguém que já rodou o país e tem competência intelectual para liderar e gerir se disponha a representar as pessoas.

Mais do que legítimo, é louvável.

Mas, como sabemos, a pressa é inimiga da perfeição.

A pressa poderia comprometer a legitimidade de uma postulação de Luciano Huck à Presidência do Brasil?

Sim, e com justíssima causa.

Há de se convir que, num país onde o Congresso impediu 2 dos únicos 4 presidentes eleitos após a redemocratização, a política é um caminho que requer sabedoria.

Sabedoria que o recall midiático, as boas ideias e a disposição não são capaz de lhe dar hoje.

Mas que pode ser obtida com este engajamento cívico que você está disposto a fazer.

Ao contribuir ativamente para eleger candidaturas que representam uma genuína renovação política, você poderá se qualificar para empreender, no futuro, uma destas candidaturas.

Encarar as eleições, compreender o sistema político, qualificar-se tecnicamente em temas importantes da sociedade e da administração pública.

E, assim, legitimar-se para quem sabe um dia nos representar.

Sem imediatismo, com uma contribuição real, que passe longe do personalismo.

Saúdo mais uma vez seu interesse em participar e contribuir para renovar a política.

Acredito que é através dela que atingimos as maiores transformações sociais.

E que as boas transformações são sempre fruto da inteligência coletiva, do engajamento e da pró-atividade.

Para fazê-las, não precisamos de fama, dinheiro ou mesmo de um mandato.

Basta a disposição genuína e a capacidade de contribuir com a coisa pública.

Se as tivermos, seremos sempre bem-vindos à política.

Fernando Holanda é membro do Conselho da Cidade do Recife, onde representa a RAPS - Rede de Ação Política pela Sustentabilidade. É filiado à Rede Sustentabilidade.

O texto não reflete as opiniões destas organizações.

Veja abaixo o que escreveu o site Antagonista Huck, a falta de senso de realidade e o medo de apanhar Luciano Huck tenta justificar a desisistência de ser candidato à Presidência com a desculpa de que foi porque a Globo o avisou de que ele não poderia voltar a ser apresentador da emissora, uma vez que se lançasse na política.

Se Huck realmente acreditava que pudesse voltar para a Globo, é porque lhe falta senso de realidade, para dizer o mínimo.

A verdade é que o medo de apanhar falou mais alto.

E a família aumentou o medo.