Veja o depoimento de André Regis, enviado ao Blog de Jamildo Nem tudo são flores na rede de escolas públicas municipais do Recife.
Pelo quarto ano consecutivo, juntamente com a equipe do gabinete, reiniciamos os ciclos de inspeção no primeiro dia de aulas do ano letivo de 2018 numa operação inaugural que cobriu 10% das unidades de ensino.
E o relatório é nada animador para quem necessita utilizar esse sistema.
A amostragem obedece a recursos metodológicos minuciosamente elaborados em questionários focados na verificação de entrega de material, fardamento escolar, kit escolar, condições de infraestrutura, condições de ambientes de trabalho para os professores, qualidade da merenda e também se os alunos estão presentes.
Uma coisa que observamos como primeiro fato chocante é a falta de responsabilidade de parcelas dos pais que não mandam as crianças para a aula na abertura do ano letivo.
Escutei professores falando com muito senso de normalidade: que eles só vão aparecer depois do carnaval.
Se o pai não manda a criança para a escola é porque ele não reconhece a escola como o local bom para seus filhos, talvez ate como um peso e talvez até não reconheça o valor da educação.
Porém se de um lado há descaso da família, por outro lado há também descaso da prefeitura.
O sistema de escolas públicas recifense está estagnado.
O prefeito Geraldo Júlio, ao final de seu mandato, vai entregar uma escola da pior qualidade, da mesma forma que ele recebeu das gestões do PT.
O Recife tem a segunda pior escola pública entre as capitais do nordeste.
De cada cem crianças que fazem o ensino fundamental, de acordo com dados da prova Brasil, apenas nove tem o conhecimento mínimo adequado em matemática.
Isso é chocante.
Considerando o volume de recursos aplicados anualmente na rede escolar da capital, o valor gasto para cada criança atinge cerca de novecentos reais por mês.
Creio que i Recife tenha no máximo umas dez escolas privadas no Recife que cobram uma mensalidade de novecentos reais.
Nessa “operação de volta às aulas”, assim batizada pela equipe, o depoimento de uma gestora foi considerado muito significativo: para mim é motivo de constrangimento quando um pai que tinha o filho na rede privada e que agora não pode mais pagar chega à escola e pede para a direção para mostrar a escola.
Quando o pai olha e observa o ambiente que seu filho vai enfrentar é de causar constrangimento e esse constrangimento deveria ser coletivo porque encontramos falta de higiene básica porque as escolas não recebem verba de suprimento para comprar sequer sabonete, para ter uma toalha de papel ou de pano para que as crianças possam enxugar as mãos.
A gestão descuidou da merenda que entregava há dois anos comparando com a que entrega hoje.
Na inspeção encontramos escolas em que as crianças receberam pipoca e que também um chocolate ouro branco.
Em outra escola e essa particularmente chamou atenção, o refresco, não é néctar nem suco, tinha o percentual de fruta menor do que 20%, 10% de suco de caju, e o refresco adoçado.
Do ponto de vista da saúde nutricional é melhor dar à criança um copo de água com açúcar do que entregar o que vimos: um pedaço de melancia e um biscoito de goiabinha.
Além disso, como não há nenhum acompanhamento do ponto de vista da saúde, se houver uma criança diabética com esse suquinho adoçado e uma barrinha do jeito que é entregue, isso pode ser até uma bomba.
A partir de tudo que vimos da falta de higiene, como por exemplo, banco de areia com fezes de cachorro e de gato, parquinhos quebrados, fizemos o relatório completo e vamos apresentar denuncia ao ministério publico estadual e também o federal, porque tem recursos nacionais do FUNDEB.
Faremos inclusive denúncia no Tribunal de contas, vamos denuncias nas nossas redes sociais, fizemos até transmissão ao vivo e quem acompanhou disse: Isso é uma escola que curta mais de novecentos reais por mês?
Chamou a atenção para o site “Raio-x das Escolas” onde todas as informações das escolas vão parar ilustradas com fotos e vídeos de cada unidade. É possível qualquer pessoa fazer um tour virtual pelas escolas e quem entra vai se chocar porque é alto o grau de insensibilidade diante do sofrimento de uma criança.
Em muitas das escolas públicas não se encontra sequer um lugar onde elas possam fazer recreio e aula de educação física.