Em um dos intervalos do Gravatá Jazz Festival, o prefeito de Gravatá, Joaquim Neto, do PSDB, explicou a razão de estar buscando uma ‘revolução’ na área de educação, no município. “Nós pegamos um trem virado e estamos tendo que colocar nos trilhos novamente.

Se eu não fizer transformações profundas na educação, depois que eu sair da Prefeitura, em duas gerações tudo poderá estar destruído novamente.

O tripé para Gravatá ter um futuro melhor é educação, saúde e geração de emprego e renda”, diz.

O prefeito tenta explicar a analogia do ‘trem virado’ com números.

Quando foi prefeito, pela primeira vez, a cidade contava com 70 mil habitantes e ele conseguiu colocar 10 mil estudantes na escola municipal.

Nos dias de hoje, a população pulou para 82 mil pessoas, mas o número de crianças na escola pública estava em 8,5 mil e neste ano letivo subiu para 9,2 mil, mas ainda inferior à melhor marca.

Não é só. “Nos pagamos os melhores salários da região, temos professores com salários de até 8 mil, mas o Ideb não acompanha.

São R$ 8 milhões só de salários.

Temos um desafio que é remodelar a situação atual e ter uma educação exemplar”, diz.

A principal aposta, para mudar o quadro atual, foi a nomeação de uma jovem técnica do setor de educação, nascida em Brasília, mas morando nos últimos dois anos no Ceará, na cidade de Sobral, que ficou conhecida justamente por estar melhorando os índices de educação, sem milagres.

Carolina de Oliveira Campos, especialista em gestão da educação, tem dois meses apenas no cargo de secretária de Educação, depois de trabalhar na equipe de formação de professores da cidade de Sobral.

Com 204 mil habitantes, a cidade tem médias de 8,8 no Ideb.

Advogada com mestrado em Políticas Públicas, foi docente do ensino superior por sete anos.

Obteve um Professional Certificate em Learning Design and Technology pela Universidade de Harvard, e por 2 anos esteve à frente do Setor Educacional do Consulado-Geral do Brasil em Boston.

Foi Diretora Pedagógica da ESFAPEGE, a escola de formação do magistério de Sobral, cidade de melhor IDEB do Brasil.

Foi ainda, Diretora de Conteúdo do Movimento Mapa Educação.

Ela também chega ao cargo de secretária de Educação de Gravatá com a responsabilidade de ter sido uma indicação do empresário Marcos Magalhães, um das maiores vozes pela ampliação da educação no Brasil hoje. “Não vendi uma Suíça para ela encontrar depois aqui uma África”, conta o prefeito, ao explicar o convite. “Na administração da educação, temos a escola, a merenda e o professor.

Mas não adianta ter tudo isto e o professor não ensinar.

Infelizmente, os professores não tem uma formação robusta e temos que buscar uma formação continuada dos nossos professores”, explica a ex-diretora pedagógica de formação de professores de Sobral. “Vamos trabalhar a gestão pública na educação.

Se em Sobral nos conseguimos, porque Gravatá não vai fazer o mesmo?”, desafia-se.

Em Gravatá, são 480 professores que formam a rede municipal.

Joaquim Neto conta que, em seu primeiro mandato, chegou a contratar e pagar a UPE para dar curso superior para 170 professores que não tinham curso superior.

Com o corpo funcional 100% graduado, o plano da nova secretária é contar com entidades como IQE (Instituto de Qualidade no Ensino) para ajudar na melhoria continua do quadro funcional. “O ideal é que os professores recebessem formação todos os meses.

Com algumas cidades, a formação ocupa períodos de 15 em 15 dias”.

No planejamento estratégico da pasta, além dos professores, consta a busca de melhoria e reorganização da infra-estrutira das escolas. “Temos que ter material de qualidade, temos que ter livro de qualidade.

O aluno deve se orgulhar da farda, a escola dele tem que ser bonita, ele precisa ter gosto de ir para a aula”, cita.

Nesta luta, a nova secretária de Educação do município diz não ter medo nem do crack, mesmo reconhecendo que é um problema sério. “Não podemos perder mais alunos para o crack.

Um garoto se sete anos, na escola, mas com pai traficante ou preso, cuja mãe tenha que se prostituir, tem boas chances de virar um avião.

A única alternativa para este garoto é a escola.

Isto é uma tarefa da família, dos professores e da comunidade, não apenas da escola”, declara.

Duas novas escolas integrais O laboratório para parte destas mudanças será anunciado no dia 1º de março.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, estará na cidade do Agreste para anunciar a criação de duas escolas de ensino integral, além de duas creches, com investimentos superiores a R$ 20 milhões.

Joaquim Neto explica que Mendonça filho vai sair do cargo para disputar as eleições, mas antes deixará as licitações já encaminhadas, de modo que a cidade não perca a oportunidade de ampliar a oferta de ensino básico.

O ensino médio, a cargo do Estado, conta com outras duas escolas integrais.