Com um tom crítico, a Beija-Flor encerrou os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial no início dessa terça-feira (13).
Além empolgar o público nas arquibancadas e frisas do Sambódromo, quando as últimas alas deixavam a passarela a pista foi invadida e uma multidão foi atrás da azul e branco de Nilópolis, da Baixada Fluminense.
A Beija-Flor defendeu o enredo Monstro é aquele que não sabe amar, os filhos abandonados da pátria que os pariu, criado pelo coreógrafo da comissão de frente Marcelo Misailidis, baseado no livro de terror Frankenstein, de autoria de Mary Shelley. “A crítica é sobre a ambição e a ganância desmedida do ser humano, que levam as pessoas a se perderem de si mesmo. É um enredo auto-reflexivo também, não é só voltado para a questão política ou da ganância econômica. É também auto-reflexivo sobre o processo das corrupções em geral e até sobre as questões ecológicos que precisam ser pensadas”, disse à Agência Brasil.
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Depois de rejeitada pelo criador, ela vaga em busca de companhia.
E no desfile, a figura foi usada para um dos momentos de crítica no carro com o título de A Intolerância.
Além de trazer a cantora Pabllo Vittar na frente, no meio da alegoria uma cabeça enorme de Frankenstein, se desfazia em fatias onde se lia embaixo palavras como racismo, feminicídio, ódio, discriminação, preconceito e xenofobia.
Foto: Gabriel Nascimento/Riotur Em outra parte do desfile, criticando a corrupção, uma ala fez uma encenação de um banquete com homens e mulheres.
Os homens estavam de terno preto com um pano branco na cabeça, lembrando o episódio chamado de Farra dos Guardanapos, que ocorreu em setembro de 2009 e foi exposto ao conhecimento público por meio de fotos.
Naquele momento Sérgio Cabral, então governador do Rio de Janeiro, e seus assessores participavam de uma comemoração com empresários brasileiros e franceses. » Operação C’est Fini: propina era paga até no Palácio Guanabara, diz MPF Na alegoria O Abandono, a Beija-Flor mostrou várias cenas entre simulações de assaltos e de violência nas escolas em que alunos levam armas para as salas de aula.
E no fim mais uma encenação, os integrantes da ala vestidos com roupas comuns do cotidiano simularam arrastões, mortes pela violência e estamparam mensagens como “quero mais emprego”, “chega de bala perdida” e “cuidar das crianças é cuidar do futuro !!!”