Na coluna Pinga Fogo, Giovanni Sandes já deu algumas pinceladas sobre o tema, mas vale a pena voltar a ele: o ano de 2018 quebrará uma tradição na política pernambucana.

Os políticos vão brincar carnaval sem terem indicação dos palanques que irão se apresentar na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas.

Ao menos, não publicamente.

Foto: Leo Mota/JC Imagem Em ano de eleição estadual, bailes, blocos, camarotes e carnavais tradicionais do interior são espaços cobiçados de exposição e exibição dos pré-candidatos a governador.

Era comum já se apresentarem na festividade com aliados “costurados”, formando grupos bem definidos para irem juntos “brincar” ou se exibir nas folias de Momo.

Até mesmo iam aos eventos “na mesma van”.

Eduardo Campos chegou a criar o ‘Dudumóvel’.

Com a exceção do atual governador Paulo Câmara (PSB), único candidato a governador até agora confirmado, não existe outro pré-candidato a governador que possa dar certeza da postulação.

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula Marília Arraes ainda terá que enfrentar uma clara resistência interna no PT.

Colunas políticas já assinalaram que o senador Humberto Costa e o ex-prefeito João Paulo preferem submeter uma candidatura própria ao projeto presidencial do PT.

Ou seja, caso seja interessante para a direção nacional do partido, a candidatura própria em Pernambuco pode ser “rifada”.

A justificativa atual é “ajudar” na candidatura presidencial de Lula (que pode nem ocorrer por prisão ou Lei da Ficha Limpa).

Muito se especula sobre uma reaproximação do PT com o PSB, em Pernambuco, para apoiar o governador Paulo Câmara.

Lideranças do PT e PSB, nos últimos dias, têm dado declarações em jornais e rádios acenando para esta possibilidade.

Foto: Divulgação Já o senador Fernando Bezerra (MDB), outro que se anuncia como pré-candidato, ainda não pode cravar o seu registro de candidatura.

FBC não obteve o controle do seu partido com “porteira fechada”.

Liminares na Justiça, obtidas por Jarbas Vasconcelos e Raul Henry, estão barrando a tomada do partido.

Sem ter certeza do controle da legenda, o senador de Petrolina não pode sequer organizar seus apoios e novas filiações.

FBC ainda terá que aguardar o presidente nacional da legenda, Romero Jucá, cumprir o acordo de “entregar” o partido em Pernambuco.

Advogados de Jucá estariam trabalhando arduamente para isso.

Em declarações oficiais, contudo, o senador fala que está apenas construindo um projeto de consenso, no “Pernambuco Quer Mudar”, um coletivo de oposição que reúne Bruno Araújo (PSDB), Mendonça Filho (DEM), Armando Monteiro (PTB) e o próprio grupo de FBC.

Nas falas públicas, FBC destaca diplomaticamente que qualquer uma das lideranças do “Pernambuco Quer Mudar” poderá ser o candidato do movimento contra Paulo Câmara, apesar da evidente vontade de FBC em ser ele próprio o candidato.

Outro ponto que o senador sempre reafirma, em suas regulares entrevistas em rádios e jornais, é que a disputa judicial do MDB será resolvida “nas próximas semanas”, apesar da sucessão das “semanas” já terem se transformado em meses.

Foto: Amanda Miranda/Blog de Jamildo O senador Armando Monteiro (PTB) é outra incógnita como pré-candidato.

Segundo as informações de bastidores e colunas, Armando Monteiro sempre diz que seu projeto é ser candidato “de qualquer jeito”.

Nos bastidores, contudo, se comenta que Armando pode achar mais “confortável” uma reeleição como senador, na chapa de FBC.

O mandato de Armando em Brasília acaba este ano.

Outra indefinição de Armando é o alinhamento nacional.

Atualmente, o senador está bem “enturmado” com o movimento “Pernambuco Quer Mudar”, que é claramente um coletivo oriundo de aliados do presidente Michel Temer (MDB).

Formado pelos ministros Mendonça Filho e Fernando Filho, pelo ex-ministro Bruno Araújo, pelo vice-líder do governo no Senado FBC, se pode dizer que o movimento “representa” o governo Temer na política de Pernambuco.

Em entrevista recente numa rádio, FBC não se esquivou de fazer uma longa defesa das “realizações” do governo Temer.

A proximidade do “Pernambuco Quer Mudar” com Temer não passa despercebida pelos próprios aliados mais próximos de Armando, como o deputado federal Sílvio Costa (Avante).

Silvão, como já disse publicamente, não comparece aos eventos do “Pernambuco Quer Mudar” para não “se misturar” com o “povo de Temer”.

Armando, apesar de estar no “Pernambuco Quer Mudar”, continua acenando para o PT e Lula.

As afinidades são muitas.

Armando votou contra o impeachment de Dilma (PT) em 2016 e coligou com o PT em 2014, na sua última disputa pelo cargo de governador.

O próprio ex-presidente Lula (PT), em entrevista para Geraldo Freire nesta semana, disse que o PT em Pernambuco deve “conversar” com Armando.

Portanto, antes de cravar sua candidatura, Armando precisará se “definir” entre Temer ou Lula.

Se o carnaval de Pernambuco não irá ter pré-candidatos ao Palácio, quebrando uma tradição, as outras vagas nas chapas majoritárias são uma indefinição maior ainda.

Vice-governador ou senador, nem mesmo o atual governador Paulo Câmara se apresenta na folia com sua chapa “montada”.

Em 2015, primeiro ano do governo de Paulo, era comum secretários e deputados do PSB colocarem notas em colunas de política “se apresentando” como “primeiro da fila” nas vagas para o Senado na reeleição de Paulo Câmara.

O motivo era a tradição do governador eleito em Pernambuco sempre “puxar” para a vitória seus candidatos ao Senado, fossem nomes fortes ou novatos na política. É o chamado efeito “Mansueto de Lavor”, devido à eleição dos senadores Mansueto e Antônio Farias na chapa de Arraes, em 1986.

Em 2018, depois de muita crise financeira e pesquisas internas desfavoráveis, não existe mais disputa na Frente Popular pelas vagas ao Senado de Paulo Câmara.

A reeleição do governador, mesmo entre a cúpula da Frente Popular, não é mais tratada como uma “certeza absoluta”, como foi a reeleição de Eduardo Campos em 2010 (com 84% dos votos). “Um candidato ao Senado na chapa de Paulo corre o risco de ficar sem mandato em 2019 como “todo mundo”.

Mesmo Jarbas Vasconcelos, que teria uma vaga “garantida”, poderá preferir uma “tranquila” reeleição para deputado federal.

Dos secretários, ex-secretários e deputados do PSB, que em 2015 sempre colocavam notas em jornais se posicionando como “favoritos”, nenhum tem sequer relembrado a pretensão ao Senado este ano”, analisa uma fonte do blog.