Preso desde novembro pela Operação Torrentes, o empresário Ítalo Henrique Silva Jaques conseguiu ter atendido o pedido de liberdade na sessão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) desta quinta-feira (8).

Apesar disso, não será solto.

Isso porque ele foi um dos alvos da Círculo de Fogo, desdobramento da primeira operação, deflagrado essa manhã.

O tribunal acatou o argumento da defesa, de que não era de Ítalo Jaques a transcrição de um áudio fruto de interceptações telefônicas na Operação Mata Norte, em que uma empresa ligada a ele, a FJW, também foi investigada.

Segundo o advogado Ademar Rigueira, a gravação atribuída a ele era, na verdade, do empresário Ricardo Padilha, também alvo das duas operações da Polícia Federal.

As transcrições apareceriam nos pedidos de prisão preventiva tanto relacionadas a Ítalo Jaques quanto a Padilha.

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Com efeito, após a defesa ter acesso à integralidade dos autos de quebra de sigilo telefônico (Autos nº 0810657-25.2017.4.05.8300), bem como aos arquivos digitais contendo os áudios captados, foi possível observar que o diálogo acima colacionado foi travado, de fato, apenas entre os investigados João Henrique e Ricardo Padilha (Doc. 08 - Auto circunstanciado 001/2017).

O paciente Ítalo Jaques não participou do referido diálogo e não travou diálogo semelhante”, afirmou a defesa no pedido de habeas corpus.

Entre os presos na Torrentes, os dois empresários foram os únicos a ter habeas corpus negados.

A investigação apontava que no áudio outros acusados eram constrangidos a não falar em depoimentos durante as investigações. » Operação Torrentes: ministra do STJ diz que Ricardo Padilha é ‘líder’ de ‘esquema de corrupção’ » 2ª denúncia na Torrentes mira suposto sobrepreço em contratos para cheias de 2011 » Oficiais da PM são denunciados mais uma vez na Operação Torrentes » Paulo Câmara exonera coronel denunciado na Torrentes; PP assume » Casa Militar ‘turbinou’ contrato com irregularidades, diz MPF na Torrentes Rigueira reclama ainda que os 15 segundos iniciais da ligação, momento em que haveria a identificação dos interlocutores, teriam sido cortados. “A delegada disse que foi um equívoco, que os técnicos são extremamente qualificados.

Não estamos afirmando que não houve equívoco, mas é de se chamar atenção a omissão do interlocutor.

Não existia nenhum dialogo de Ítalo constrangendo alguém”, afirmou o advogado ao Blog de Jamildo.

O pedido de liberdade ainda diz: “é realmente inacreditável que a autoridade policial, quando fez uso da repetição do diálogo travado entre Ricardo e João para indevidamente imputar o meso diálogo a Ítalo, tenha omitido do documento justamente as transcrições iniciais do diálogo, as quais identificava os interlocutores da conversa.” Investigação da PF A procuradora regional da República Isabel da Câmara Lima, que representou o Ministério Público Federal (MPF) na sessão da Terceira Turma do TRF5 desta quinta-feira, pediu ao tribunal cópia das notas taquigráficas da sessão, que devem ser encaminhadas ao procurador que está à frente do caso, Alex Amorim, para investigar a atuação da Polícia Federal e, se for necessário, adotar as providências cabíveis.

Nova operação A operação que voltou a ter Ítalo Jaques no alvo, nesta quinta-feira, investigou se as verbas federais para ajudar no combate à seca em 2013 no Maranhão foram alvos de superfaturamento e possível não execução dos serviços contratados pelo governo estadual, através do Corpo de Bombeiros.

Rigueira afirmou que vai recorrer da nova decretação de prisão preventiva, mas que ainda não havia tido acesso à decisão. “Agora não se tem confiança em nada que está sendo feito pela Polícia Federal.

Chegar ao ponto de atribuir a um diálogo de outro é de uma gravidade enorme”, afirmou.

A primeira investigação, a Torrentes, apurou supostos desvios na verba captada pelo Governo de Pernambuco, através da Secretaria da Casa Militar, para o atendimento às vítimas de enchentes na Mata Sul do Estado em 2010.

O suposto esquema seria o mesmo do Maranhão.