Horas antes de inaugurar a segunda estação de bombeamento do eixo norte da transposição do rio São Francisco, em Pernambuco, nesta sexta-feira (2), o presidente Michel Temer (MDB) tergiversou ao ser questionado, em entrevista à Rádio Jornal, sobre quando a água passará a atender ao Estado.
Hoje, mesmo tendo a maior parte dos canais, apenas cerca de 35 mil habitantes são beneficiados.
Um dos responsáveis por trazer a água seria o Ramal do Agreste, obra do governo federal que sequer foi iniciada.
O outro, a Adutora do Agreste, executada pela gestão estadual com recursos da União.
Sem citar o Ramal, Temer defendeu que aumentou os repasses para a Adutora e que o governador Paulo Câmara (PSB) estaria querendo “brigar com o presidente” ao reclamar de atrasos na chegada da verba.
Ao responder a pergunta, Temer falou sobre a inauguração do eixo leste da transposição, em março do ano passado, disse ter aumentado os repasses em 40% para a Adutora do Agreste e chegou a abordar o aumento no número de beneficiários do Bolsa Família em Pernambuco.
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Logo, logo inauguramos em definitivo o eixo norte.” Ramal do Agreste A previsão inicial para que a água do rio abastecesse os municípios do Agreste pernambucano era de que, após ser captada no São Francisco, fosse transportada pelo ramal do eixo leste da transposição, no reservatório Barro Branco, em Sertânia, no Sertão.
De lá, seguiria para o açude de Ipojuca, em Arcoverde, também no Sertão.
A adutora levaria até Gravatá, no Agreste.
Ou seja, a adutora dependeria do ramal.
A obra, porém, já foi de responsabilidade do ministério, passou para o Governo de Pernambuco quando Fernando Bezerra Coelho (MDB) era ministro da Integração Nacional e depois voltou para as mãos da União, sem nunca sair do papel.
A ordem de serviço para a elaboração do projeto foi assinada há um ano, em visita de Temer a Floresta, no Sertão.
A previsão era de que as obras começassem no segundo semestre do ano passado e o prazo fosse de 36 meses, mas nada foi feito até agora. » Um ano depois, obras são retomadas no eixo norte da transposição » No Agreste, Diogo Moraes manda pessoas cobrarem água da Transposição a Temer e seus ministros » MPF recomenda ao Ibama que não conceda licença à transposição » Bomba da transposição é roubada e ministério suspeita de comerciantes em depredação » Governo estuda privatizar transposição do São Francisco Sem previsão do ramal sair, foram planejadas alternativas para levar água para a primeira fase da Adutora do Agreste, que o governo estadual estima entregar em março.
Essa etapa do equipamento, que teve recursos garantidos no fim do ano passado, chega até São Caetano, a 160 quilômetros do Recife.
A segunda, que ainda terá verba de R$ 500 milhões liberada, vai até Gravatá, a cerca de 85 quilômetros da capital.
Além disso, a previsão é de que adutora opere inicialmente com apenas 20% do volume.
Isso porque o que vai captar a água da transposição para levar até ela é a Adutora do Moxotó, que também deve ficar pronta em março, mas não tem a mesma capacidade do Ramal do Agreste.
O governo estadual também resolveu fazer o caminho inverso ao da transposição e captar água no Rio Paraíba, destino do eixo leste.
A obra para isso é a Adutora do Alto Capibaribe, que teve a autorização para a licitação assinada no último dia 12.
O projeto vai custar R$ 82 milhões, verba captada pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) no fim do ano passado diretamente com a Caixa Econômica Federal, em recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Eixo norte Enquanto o eixo leste da transposição foi inaugurado em março do ano passado, na Paraíba, o eixo norte, que é maior e chegará ao Ceará e ao Rio Grande do Norte, era o mais problemático.
As obras ficaram paradas por um ano.
Isso porque, em junho de 2016, um mês após Temer assumir durante o processo de impeachment, a Mendes Júnior, envolvida na Operação Lava Jato, deixou os canteiros e as obras só foram retomadas em julho de 2017 - dez anos após o início da transposição e com sete de atraso. » Senador pede transposição da Amazônia para o Nordeste » População espera transposição, mas cobrança por consumo aflige » Transposição chega à Paraíba, mas ainda falta muito em Pernambuco » Maia assina ordem de serviço de trecho da transposição parado há um ano » Após canal romper, barragens da transposição serão analisadas por consultoria A primeira estação de bombeamento, também em Cabrobó, foi religada pelo ministro Helder Barbalho em setembro do ano passado, dois anos após ser inaugurada por Dilma Rousseff (PT).
O município foi o último visitado pela petista ainda como presidente, em maio de 2016.