Na entrevista para a rádio da Bahia, Temer não se furtou nem a falar de Lula.
Jornalista: presidente, nós estamos chegando também em um ano decisivo, que é um ano eleitoral.
Tivemos a condenação aí em segunda instância do presidente Lula, o senhor acha que, por exemplo, ele é uma carta fora do baralho, que perdeu força, não tem condições de ter qualquer tipo de influência nessa próxima eleição?
Presidente: Olhe, aí são duas, se você me permite, são duas vertentes.
Uma delas é o ângulo jurídico, você sabe que eu são da área jurídica, não é?
Mas eu não dou um palpite sobre a decisão judicial porque eu estaria invadindo a competência de outro poder.
E eu sou muito consciente da necessidade de que um poder não invada a competência do outro poder.
Este é um aspecto jurídico.
Agora sobre o foco político, eu confesso a você que se ele pudesse ter participado das eleições, não sei se poderá, eu acho que a derrota dele politicamente seria mais útil do que uma derrota simplesmente de natureza judicial.
Ele tem prestígio, não posso deixar de dizer isso.
Perdeu muito do prestígio, em fase de todos esses acontecimentos.
Agora, digo eu, se ele pudesse participar, não houvesse impedimento, e fosse derrotado, não estou propondo a vitória dele, fosse derrotado, eu acho que politicamente seria adequado.
Jornalista: Presidente, o senhor falou aí de interferência de um poder em outro.
A interferência do Poder Judiciário, na sua decisão de nomear a ministra do Trabalho, não seria então interferência indevida no seu modo de ver?
Presidente: Olhe, eu posso dizer isso, tranquilamente, porque ainda estamos agora falando sobre um foco exclusivamente jurídico.
O quê que a Advocacia Geral da União está fazendo?
Está debatendo com fundamento no texto constitucional.
O quê que a Constituição brasileira, que é a maior das leis, estabelece?
Diz assim: é competência privativa do presidente da República, número 1, nomear seus ministros.
O quê que é, como a Constituição não tem palavras inúteis, Mário, quando diz privativa, significa que priva outrem da prática daquele ato, ou seja, quem pode praticar aquele ato é só o presidente da República.
Houve dúvidas, não é de natureza interpretativa, você sabe que houve cinco ações populares, propostas no Rio de Janeiro, quatro juízes negaram a liminar, portanto acolheram a tese da privatividade, a competência do presidente.
Um apenas deu a liminar.
Isto correu os tribunais, o Superior Tribunal de Justiça cassou essa liminar, mas houve uma reclamação ao Supremo Tribunal Federal, e a reclamação é uma coisa que diz respeito a competência, não diz respeito ao mérito, ou seja, foram lá reclamar, e dizer: olha, a competência não era do Superior Tribunal de Justiça, mas do Supremo.
E a senhora presidente, que é uma constitucionalista da melhor qualificação, constitucionalista há muito tempo, a ministra Cármem Lúcia, ela está examinando esses aspectos.
Eu vou, serenamente, aguardar a decisão do Judiciário.
Evidentemente, se o Judiciário, ao final, disser: olhe, não pode nomear.
Juridicamente essa tese foi combatida e por isso que eu estou tomando a liberdade de sustentá-la.
Juridicamente foi combatida, agora, eu também, volto a dizer, eu sou muito atento à separação de competências.
Se o Supremo, que tem a última palavra, disser que não pode, paciência, nós acolheremos essa matéria.
Eu espero que não aconteça, mas se acontecer, paciência.
Ironias com a oposição Jornalista: Presidente, e nessa próxima eleição?
O senhor acha, o senhor pretende ter um candidato, o senhor tem simpatia por algum candidato?
Está trabalhando, conversando com alguém?
Tem até o seu ministro da Fazenda, por exemplo, outro dia entrevistei ele aqui, Henrique Meirelles.
Ele mostra a vontade de ser candidato à Presidência da República.
O senhor vai participar da campanha de alguma forma?
Presidente: Olhe, nós podemos ajustar uma fórmula que é a seguinte: vamos fazer um programa, eu e você, no final de maio, começo de junho, daí eu respondo a você quem é o candidato.
Nesse momento, olhe, o Henrique Meirelles tem a melhor qualificação, mas eu não quero avançar o sinal nesse momento.
Mas a apenas posso dizer uma coisa a você, viu, Mário.
Interessante, ontem, eu estava em Rio Verde, aqui no Goiás, lançando um programa de financiamento da agricultura, do agronegócio, o Banco do Brasil está colocando R$ 12 bilhões para financiamento do agronegócio, e lá eu disse uma coisa curiosa, depois de ouvir alguns discursos.
Eu disse: olhe, se houver um candidato que queira criticar o governo, ele vai ter que dizer o seguinte: olha aqui, eu sou contra o teto de gastos, porque eu quero gastar à vontade.
Eu sou contra a reforma do ensino médio, porque eu quero aquele ensino anacrônico, superado, antiquado que havia no passado.
Eu não quero a modernização trabalhista, porque eu não quero esse um milhão e 400 mil novos postos de trabalho.
Eu sou contra essa inflação ridícula de 2.95, eu quero uma inflação de 10.28.
Eu sou contra esses juros ridículos de 7%, eu quero 14,25.
Eu sou contra a moralização das estatais.
Esse vai ter que ser o discurso da oposição, viu, Mário.
Estou brincando um pouco com você, mas na verdade, é a realidade.
Bolsa e recuperação A própria nota de crédito, a tal nota de crédito, que caiu, etc, a nota de crédito, ela leva em conta, só para os nossos ouvintes entenderem, o que vai acontecer no País.
Então, eles disseram assim: Ah, talvez a reforma da Previdência não seja aprovada e por isso nós temos que modificar a nota do País.
Então, digo eu, se nós aprovarmos a reforma da Previdência, aqui é uma questão de confiança, nós recuperamos a nota também de crédito, mas em nenhum momento, olha o Mário, eu estive em Davos agora, tive encontro com 15, 16 empresários, presidentes de empresas, mais autoridades estrangeiras, o entusiasmo com o nosso País é uma coisa extraordinária.
Democratas Então, quando, os nossos amigos democratas, que me apoiaram e me apoiam muito, sempre me deram muita sustentação, eles podem certamente dizer: olhe, nós vamos é desfrutar dos bons frutos do governo.
Porque às vezes as pessoas, se você me permite aqui a expressão livre, “não vão com a minha cara”.
Sempre dizem: “esse Temer, eu não vou com a cara dele”.
Aí, tudo bem, não tem problema nenhum, o problema é analisar, viu, analisar o que é que está sendo feito, vamos analisar friamente.
E nós pegamos uma recessão medonha, uma recessão extraordinária.
O País estava à beira do colapso.
E nós estamos recuperando pouco a pouco, de modo que esses Democratas estão conosco até o final.
Humberto comemora pesquisa do Datafolha O resultado da pesquisa Datafolha, divulgada nesta quarta-feira, animou o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT).
De acordo com o levantamento, mesmo depois da condenação do ex-presidente Lula pelo TRF-4, o capital político do petista segue o mesmo.
Lula aparece na frente com ampla vantagem no primeiro turno (de 34% e 37% em todos os cenários) e ganha de todos os adversários, por ampla margem, no segundo turno. “Essa pesquisa é extremamente importante porque mostra que, para desespero da direita e de setores políticos e econômicos, Lula segue sendo o nome preferido dos brasileiros para a disputa eleitoral deste ano.
Ele aparece, em todos os cenários, disparado na frente e com chances de ganhar já no primeiro turno.
A verdade é que, quanto mais perseguem Lula, mais forte ele fica e isso nos anima muito para seguir lutando”, afirmou o senador.
Humberto Costa disse acreditar no potencial de Lula para a transferência de votos na próxima eleição. “Segundo a pesquisa, 27% dos eleitores afirmam que o apoio de Lula “com certeza” influenciaria na sua escolha, outros 17% admitem que “talvez” votassem no nome indicado por ele. É impressionante a influencia de Lula no cenário eleitoral deste ano, mesmo depois de toda essa campanha massiva e perversa feita contra ele”, afirmou. “Um eventual cenário de disputa sem o presidente geraria uma instabilidade política ainda maior.
Temos hoje um presidente sem nenhuma credibilidade que assumiu o poder por meio de acordos escusos e de um golpe contra uma presidente legitimamente eleita.
Uma eleição sem o maior político e cabo eleitoral desse país, colocará o Brasil num cenário político de maior insegurança ainda, à mercê de oportunistas. É impossível pensar uma disputa em que o ex-presidente não seja protagonista.
Eleição sem Lula é fraude”, concluiu Humberto.