Na véspera do segundo encontro da frente de oposição a Paulo Câmara (PSB), um dos líderes do grupo, o deputado federal Bruno Araújo (PSDB), deu, nesta sexta-feira (26), uma prévia do tom das críticas ao socialista no ato deste sábado (27).
Ex-ministro do presidente Michel Temer (MDB), o tucano acusou o governador de esconder que recursos para obras da gestão vêm do governo federal e cobrou que ele cite publicamente a fonte das verbas. “No trato da divulgação das ações é um governo desonesto.
Insiste em passar notícias falsas”, afirmou o parlamentar. “Como dizia o nazista Goebbels (ministro da Propaganda de Adolf Hitler na Alemanha), mentira repetida acaba virando verdade.
A gente vai enfrentar isso”, disse ainda.
Bruno Araújo lembrou que se reuniu com Paulo Câmara em outubro do ano passado, quando era ministro das Cidades, e divulgou a articulação para repassar R$ 350 milhões para o Estado.
Os recursos foram através de empréstimos da Caixa Econômica Federal, pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), para a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) para obras de saneamento na Região Metropolitana do Recife, em Gravatá, em Santa Cruz do Capibaribe e em Petrolina.
A obra de Gravatá é a ampliação do Sistema Produtor de Amaraji, para ampliar em 70% do abastecimento da cidade, e foi anunciada pelo presidente da Compesa, Roberto Tavares, nessa quinta-feira (25).
Serão investidos R$ 22 milhões, recursos do financiamento obtido pela companhia.
Para o deputado, a notícia foi “vendida” sem os devidos créditos.
No caso de Santa Cruz do Capibaribe, também citado por Bruno Araújo, R$ 82 milhões vão para a Adutora do Alto Capibaribe, que vai captar a água da transposição do rio São Francisco e levar para o município.
A licitação foi autorizada por Paulo Câmara no último dia 12.
Para o parlamentar, “esses recursos uma vez viabilizados, o governo anda pelo Estado como um marco de realização exclusivo dele”. “Quer distância do governo federal, mas pede recursos, leva e esconde da população que executa todas as obras importantes com dinheiro que vem em menor parte do governo estadual.
Brinca com a inteligência do povo”, disse ainda.
Bruno Araújo não se limitou em cobrar um reconhecimento público da sua participação na articulação do empréstimo da Caixa.
O deputado também criticou a gestão de Paulo Câmara. “Muitas obras não avançam por conta do Governo do Estado”, acusou. “Quando a obra não é de um aliado, fazem de tudo para atrasar os processos”, denunciou ainda. “Um governo em busca de uma marca.
Até agora, deixaram a violência e a saúde sucateada como legado.” As críticas devem ser retomadas no evento da oposição, que será em Petrolina, berço eleitoral do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), outra liderança do grupo e pré-candidato ao governo contra Paulo Câmara.
Estão à frente da movimentação contra o socialista também o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), e o senador Armando Monteiro Neto (PTB).
O petebista foi derrotado pelo governador nas eleições de 2014, pleito em que os outros nomes estavam no mesmo palanque que Paulo, sendo expulsos dois anos depois por terem apresentado candidaturas contrárias à do prefeito Geraldo Julio (PSB) no Recife.
Desde então, eles passaram a se articular e fizeram a primeira reunião em dezembro, na capital.
Deputado sai em defesa de Paulo Câmara O Governo de Pernambuco afirmou que não iria responder às críticas.
Aliado de Paulo Câmara, o deputado federal Tadeu Alencar (PSB) rebateu as acusações alegando que “os recursos ao qual se refere pertencem ao povo brasileiro”. “São provenientes dos impostos pagos pelo cidadão e repartidos entre os entes federativos, como manda a Constituição.
Ou seja, não pertencem nem a Temer nem a seus aliados”, respondeu.
O socialista acusou o governo Temer de retaliar Pernambuco com redução nos repasses por causa da posição do governador, de oposição. “Esta atitude de vingança deriva do fato do PSB ter assumido posições de altivez e de independência em relação ao governo mais impopular da história, a cujos súditos, poucos é bem verdade, a sociedade cobrará um preço inestimável no iminente processo eleitoral”, afirmou. “Falar de honestidade no reconhecimento da paternidade de obras é um artifício diversionista e fantasioso.
Na hora em que o governo federal retomar os compromissos e deveres que tem com Pernambuco tal crédito lhe será reconhecido.
Não antes.”