A dimensão de um fato que não pode ser ocultado Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo Assim aconteceu com a primeira grande manifestação pelas diretas já, em São Paulo, em 1984, quando a principal rede de TV do país decidiu ignorar o fato, não o registrando em seu noticiário.
Depois, o movimento ganhou uma dimensão impossível de ocultar.
Tanto pela presença de centenas de milhares de brasileiros nas ruas, nas grandes, médias e pequenas cidades, como pelo engajamento de segmentos os mais diversificados da sociedade.
A ditadura militar conhecia seus estertores.
A grande mídia que a apoiara estava sendo obrigada a reconhecer.
Vejo agora fotos das manifestações de ontem na Esquina Democrática, em Porto Alegre, em solidariedade ao ex-presidente Lula, feitas ontem pelo fotógrafo Ricardo Stuckert.
Um ato simplesmente grandioso!
Erram as redes de TV e a grande mídia em geral ao não mostrarem imagens tais expressivas, que dão a dimensão do movimento.
Logo cedo um comentarista provinciano ponderou que a multidão ali concentrada atende ao chamamento dos partidos de esquerda, entidades sindicais e estudantis, artistas, intelectuais e religiosos influentes e assim por diante.
Sim, por que não?
Todo e qualquer movimento de rua com um mínimo de conteúdo político, situado à esquerda ou à direita, faz-se por iniciativa de segmentos organizados.
Mas nem sempre ganham a dimensão do que vimos ontem e que segue hoje.
E que não adianta esconder!
Há, sim, uma opinião crítica ao fato de que o ex-presidente foi condenado em primeira instância, através de sentença proferida pelo juiz Sérgio Moro, que não resiste a nenhuma análise séria e isenta de especialistas em Direito Penal.
E, ao cidadão comum, salta aos olhos como incorreta e improcedente porque não apoiada em provas.
Um dos procuradores da Operação Lava Jato diz agora que “uma sucessão de indícios é suficiente para condenar alguém”, ainda que sem provas factuais nem documentais!
Seja qual for o resultado do julgamento do recurso impetrado pela defesa de Lula, hoje, a dimensão dos atos de solidariedade em Porto Alegre, com repercussão em todo o país e mundo afora, contém em si um indicador importante: o evolver da situação política será fortemente influenciado por uma onda crescente resistência democrática.
Aos que se perfilam nas hostes oposicionistas, cabe compreender a capital importância de conviverem respeitosamente com divergências e pré-candidaturas à presidência, pondo entretanto em primeiro plano a construção de uma plataforma comum de defesa da democracia, da soberania nacional e dos direitos do povo, traduzida em proposições consistentes, viáveis e assimiláveis pela maioria da população.
São essas as duas chaves para a superação da crise: unidade ampla e ascendente presença do povo organizado nas ruas.