Estadão Conteúdo - O julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostra que as instituições brasileiras estão “funcionando com tranquilidade”.

A avaliação é do presidente Michel Temer (MDB), que nesta terça-feira (23) desembarcou em Zurique e, nesta quarta-feira (24), segue para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Sua participação, porém, coincide com o julgamento do ex-presidente, em Porto Alegre, nesta quarta-feira (24), pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).

Ainda que empresários e organizadores tenham declarado à reportagem que estarão com um olho em Davos e outro no tribunal brasileiro, Temer insiste que não há risco de “mal-estar”. “Não acredito que isso ocorra.

Não vai causar mal-estar nenhum. É natural”, disse, ao entrar em seu hotel em Zurique.

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O presidente indicou que sua esperança é de que, com sua participação em Davos, “os investidores se interessem cada vez mais pelo Brasil”.

Incógnita Entre os organizadores, não se esconde o fato de que tão importante quanto ouvir a mensagem de Temer nesta quarta será saber o que ocorrerá em Porto Alegre, 10,5 mil quilômetros de distância de Davos.

Em declarações à reportagem, o presidente do Fórum, Borge Brende, insistiu na semana passada que o empresariado internacional aposta no fato de que 2018 será um ano de recuperação para a economia brasileira.

Mas ele também admitiu que o julgamento de Lula é “uma incógnita”.

Sua avaliação é a mesma traçada por diversos outros organizadores consultados pela reportagem. » Zelador do tríplex do Guarujá pede Lula na cadeia » Para Dilma, discutir plano B ao nome de Lula é como pedir renúncia » Julgamento de Lula: Jungmann diz que cabe a MP agir sobre fala de Gleisi » Fetape organiza ato a favor de Lula em seis cidades de Pernambuco Davos, porém, deixa claro que colocou o palco para que as autoridades brasileiras possam dar suas versões do que ocorre no País.

Numa delas, Temer, empresários e banqueiros falarão sobre a tarefa de “moldar a nova narrativa do Brasil”.

Organizadores do evento admitiam que sabiam da coincidência das datas.

Mas, não por acaso, o principal discurso de Temer em Davos ocorre na manhã desta quarta-feira, quando o processo de Lula no Brasil nem mesmo terá sido iniciado.