Estadão Conteúdo - O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) viajou para Campina Grande, segundo maior colégio eleitoral da Paraíba, para dar palestras, falar com eleitores em praças e conceder entrevistas para rádios locais em 8 de fevereiro do ano passado. “Hoje estou perdendo a sessão em Brasília.

Gostaria de estar lá, mas para quem tem pretensões outras tem de estar muito bem preparado para aquele momento em 2018.

Vale a pena tudo isso aí”, afirmou em entrevista à época.

A veículos de imprensa paraibanos, apresentou a meta de fazer duas viagens para fora da capital federal por mês: promessa cumprida.

Em campanha aberta para a Presidência da República, Bolsonaro aumentou seus gastos com passagens aéreas pagas com dinheiro público da Câmara dos Deputados.

Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast mostra que, nesta legislatura (entre 2015 e 2017), o deputado fluminense gastou 39% mais com passagens custeadas pela Câmara do que no período anterior (de 2011 a 2014): passou de R$ 261 mil para R$ 362 mil.

LEIA TAMBÉM » Bolsonaro disse que utilizava auxílio-moradia para ‘comer gente’ » Lula, Temer e Bolsonaro são políticos mais buscados no Google em 2017 » Músicos fazem marchinha em ‘homenagem’ a Bolsonaro: ‘Bolsomico’ O parlamentar mudou o perfil de suas viagens nos últimos três anos, quando começou a ganhar força sua intenção de disputar o Palácio do Planalto após se reeleger, em 2014, como o deputado mais votado (464.572 votos) no Rio.

Ele passou a visitar mais cidades de todas as regiões do País, fora do eixo Brasília-Rio, onde trabalha e mora.

Os deslocamentos para outros Estados saltaram de 23 para 83 - 2,3 por mês.

Foram considerados apenas os bilhetes em que Bolsonaro é o passageiro e pagos por meio da cota parlamentar.

A um ano para o fim da atual legislatura, ele já se deslocou 351 vezes, ante 404 dos quatro anos anteriores. » Deputados pernambucanos gastaram R$ 9,8 milhões com cotão em 2017 Em Campina Grande, uma das poucas cidades onde o PT perdeu as eleições presidenciais no Nordeste, Bolsonaro pagou, com dinheiro da Câmara, R$ 1.013,69 em bilhetes aéreos.

Seu gabinete emitiu as passagens no dia 20 de janeiro do ano passado.

Hoje, o deputado fluminense é o segundo mais bem colocado nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). ‘Mito’ Bolsonaro costuma ser recebido por apoiadores aos gritos de “mito” nos aeroportos, circula em locais públicos, dá entrevistas e faz palestras relacionadas à segurança pública.

Em julho de 2017, o deputado seguiu esse roteiro.

Foi recepcionado por simpatizantes no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde falou em “libertar o País” com a “verdade”. “Longe aqui de estar fazendo campanha política, muito longe disso, mas cada um de nós tem a liberdade de ter o direito de buscar o que é melhor para o País.

Aqui não tem mais um capitão do Exército, tem um soldado do Brasil à disposição para ir às últimas consequências para retirar aquela podridão que está em Brasília”, esbravejou.

Entre junho e julho, o gabinete comprou quatro passagens para Porto Alegre ao custo de R$ 4.456,60. » PSDB, PPS e mais três partidos de olho no Livres por causa de Bolsonaro » Ex-coordenador das campanhas de Lula e Dilma pode ajudar Bolsonaro no PSL » PSL confirma filiação de Bolsonaro para se candidatar à presidência A área externa do gabinete do deputado em Brasília estampa uma montagem de fotos em que ele aparece nos braços de seus apoiadores.

Procurado, o deputado não foi localizado.

No informativo em que presta contas do mandato, ele justifica suas viagens como uma troca de experiências sobre a administração pública.

Eleito pelo Rio, Bolsonaro tem direito a R$ 35.759,97 mensais por meio da cota parlamentar.

Entre 2015 e 2017, ele gastou R$ 967 mil dos R$ 1,3 milhão que tinha direito.

De acordo com normas internas da Câmara dos Deputados, “não serão permitidos gastos de caráter eleitoral”.