Por Cleonildo Cruz, especial para o blog Um relato imprescindível ao meu tempo na data de 12 de janeiro.
Um data especial que deixou uma cicatriz na minha alma e no meu tempo.
Há exatos 8 anos, em 12 de janeiro de 2010 acontecia uma catástrofe no Haiti, de magnitude 7,0, no horário de 6h53m10s, horário no Brasil (21h53m10s UTC), numa terça-feira, 12 de janeiro de 2010.
Vitimou mais de 250 mil pessoas.
Estive no Haiti em janeiro de 2011 para rodar Haiti, desembarcava em Porto Principe, capital do país.
Iniciamos assim que chegamos a produção do documentário.
Uma Realidade que soltava aos olhos.
Um ano representava um dia depois do terremoto, dos 100% dos escombros apenas 5% tinha sido recolhido.
Havia corpos ainda embaixo dos escombros, experiência que marcou minha filmografia, não pela destruição, mas fundamentalmente pelas pessoas, pela vida dos hatianos e uma disposição enorme para viver.
Nossa identidade é de pertencimento e construída no fluxo do tempo da nossa existência.
Nunca vou esquecer o que vivi e vivo ainda nas memória do meu tempo.
Foi com o sentimento dos escombros da esperança.
Depois retornei quatro vezes ao país para concluir ao filme.
Em 2013, depois de ser exibido em Pernambuco, Paraíba, Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul, finalmente voltei ao Haiti para projetar o filme no dia em 26 março de 2013.
Com Haiti, 12 de janeiro minha carreira internacional se iniciava, não sabia que anos depois, estaria viajando a América Latina para compor o documentário Operação Condor, verdade inconclusa.
Haiti tua história é bela!
Primeira república negra a declarar independência em 1804, logo após a revolução francesa.
Haiti e os meus sentimentos levo no meu peito pela tua reconstrução não só do concreto, mas de vidas humanas.
Lembrar de ti, é lembrar do primeiro momento que tive essa ideia, esse sonho de fazer um filme sobre os escombros da esperança e os tijolos de reconstrução.
Termino o relato com a fala do poeta Carlos Drummond de Andrade: tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo. ]