Em seu discurso de posse, não há uma linha do novo presidente do TCE, Marcos Loreto, exortando os prefeitos a melhorarem a aplicação dos recursos públicos, promoverem ajuste fiscal ou cuidarem da previdência dos servidores, saco sem fundo já medido pelo próprio órgão em gestão passadas.

Enquanto isto, o novo presidente do órgão de contas critica a partilha de recursos federais, apresentando o tema como se fosse a origem dos desequilíbrios nos municípios. “… não somos burocratas frios engessados por definições prévias.

Percebemos intempéries e desacertos como os trazidos pela política onde a União detém cerca de dois terços dos recursos públicos”, frisou, repetindo discurso adotado pelo ex-governador Eduardo Campos na campanha presidencial de 2014.

O prefeito Geraldo Julio e o governador Paulo Câmara, apresentados por Loreto como orgulho da casa, também vez ou outra lançam mão do mesmo discurso da partilha dos recursos federais.

Na sua fala, o novo dirigente prometeu ainda que iria trabalhar preservando a honra dos jurisdicionados. em alusão a prefeitos e governador, cujas contas são avaliadas pelo órgão auxiliar do Legislativo. “…sem pré-julgamentos ou julgamentos apressados.

Proporcionademos a todos, indistintamente, o ampo e sagrado direito de defesa.

A pretexto de combater a corrupção não se pode perder a memória sobre o esforço com o qual a sociedade brasileira conseguiu sua democracia, legado de valor inestimável” Ele prometeu fazer do combate à corrupção a prioridade de sua gestão, frisando que faz parte da “imensa legião de brasileiros” que encara a corrupção como “um mal a ser combatido em todos os campos e níveis, dos funcionários fantasmas aos gestores que cometem irregularidades”.

Segundo ele, no cenário conturbado em que o Brasil hoje se encontra, “onde se dizia que só os pobres iam para a cadeia, nomes tidos como blindados estão presos”, tanto dos meios políticos como também empresariais. “O mundo está pior?

Não, o controle é que está melhor”, declarou o conselheiro, frisando ser “imensa” a contribuição que entidades como o Tribunal de Contas podem dar ao Brasil em associação com “instituições parceiras” com o TCU, Controladoria Geral da União e do Estado, Ministério Público, Receita Federal, Polícia Federal e Polícia Civil, dentre várias outras.

Como já havia defendido na semana passada, Loreto voltou a sugerir a criação de um conselho nacional dos tribunais de contas. “A meu ver, a criação desta entidade seria tão saudável como tem sido o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público”.