O grupo Direita São Paulo, conhecido pelas manifestações contra imigrantes e a favor de Donald Trump, anunciou para este ano a criação de um bloco de Carnaval que celebra a ditadura militar.

O nome da agremiação é ‘Porão do Dops’, em referência ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde presos políticos do regime foram presos e torturados.

A imagem de divulgação é do coronel Brilhante Ustra, o primeiro militar reconhecido pela Justiça como torturador.

O bloco está marcado para o dia 10 de fevereiro, sábado de Carnaval.

No evento no Facebook, o grupo fala que “haverá cerveja, opressão, carne, opressão, marchinhas opressoras”.

LEIA TAMBÉM » Músicos fazem marchinha em ‘homenagem’ a Bolsonaro: ‘Bolsomico’ » PT de Pernambuco vai lançar bloco de Carnaval em homenagem a Lula Após polêmica sobre o nome da agremiação, o dono do bar que cederia o espaço para o grupo no bairro de Água Branca, em São Paulo, cancelou o evento e agora os organizadores ainda procuram um novo lugar.

Sem espaço para o bloco e contrários à vereadora Sâmia Bonfim (PSOL) - que emitiu nota contra o bloco - e ao líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, os integrantes da Direita São Paulo agora falam pelas redes sociais em ficar da frente da casa de um deles.

A vereadora afirmou na nota que vai acionar a equipe jurídica para analisar medidas a serem tomadas contra o bloco por celebrar a tortura na ditadura militar. “Não há nada de engraçado nisso.

Tampouco esta provocação tem a ver com Carnaval.

Nossa legislação é clara em definir como crime a apologia à tortura e a incitação à violência”, afirma a parlamentar.

Em vídeos publicados nas redes sociais, Douglas Garcia, vice-presidente da Direita São Paulo e organizador do bloco, afirma que quem reage à agremiação é “essa galera que não apanhou da mãe e do pai quando eram crianças e hoje vive revoltada com o sistema”.

Apesar da condenação de Ustra, ele diz ainda que o coronel não torturou presos políticos.

Para o vice-presidente do grupo, os crimes eram uma resposta a ações de comunistas no período da ditadura.