Atirando no lugar errado Por Julio Lossio, ex-prefeito de Petrolina A cada rebelião que se instala nos presídios brasileiros, desta vez no Rio Grande do Norte e em Goiás, reacende a discussão sobre a questão carcerária em nosso país.
O foco passa a ser discutir mais investimento em segurança, mais polícia, mais armas, mais presídios e assim por diante. É uma pena ver esse tema que retrata o desastre social em que mergulhou o Brasil encobrir a verdadeira discussão que deveria pautar o momento político brasileiro: a educação.
A discussão de mais e melhores escolas fica em segundo plano quando, na verdade, poderia ser a grande vacina para tantas mazelas.
LEIA TAMBÉM » 1ª etapa de Itaquitinga deve finalmente sair este mês; 2ª fica para agosto Se em muitos países onde a educação é priorizada, como Japão, Reino Unido e Alemanha, sobram vagas nas unidades prisionais, no Brasil temos uma superlotação carcerária.
Por que acreditar que investimentos em educação podem reverter esse quadro?
Primeiro, porque podemos nos apoiar em evidências observadas em outros países cujos investimentos em educação alavancaram a nação.
Outro fato a ser observado é que mais de 69% dos presos brasileiros não concluíram o ensino fundamental.
Isso, por si só, já revela que um aumento na escolaridade de nossos jovens poderia reduzir drasticamente a criminalidade em nosso País.
Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem Devemos ainda ter um olhar especial para os jovens, sobretudo do sexo masculino, já que mais de 96% dos presos são homens.
Do ponto de vista econômico, fica ainda mais evidente a importância dos investimentos em educação.
Um preso no Brasil custa entre R$ 3,5 mil e R$ 4 mil por mês.
Esse mesmo valor, gasto com um único preso por mês, seria suficiente para oferecer educação de tempo integral a um jovem por um período de um ano.
Inverter a lógica de gastos em presídios para investimentos em escolas deve ser nossa prioridade e obsessão.
Só assim poderemos sonhar com um país mais justo e menos desigual.