O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou o governo Michel Temer (PMDB) nesta quarta-feira (3) por causa da edição de uma Medida Provisória retirando da lei a proibição de privatizar a Eletrobras. “Acho que a gestão privada é melhor do que a gestão pública, mas isso não me faz não respeitar o sistema democrático brasileiro”, afirmou.

Maia está em Pernambuco para o velório do ex-ministro Armando Monteiro Filho, pai do senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE). “A Medida Provisória é um instrumento autoritário.

O governo decide sozinho antes, durante quatro meses, a vontade da sociedade, então não é justo você vender um ativo, apesar de eu ser 100% a favor da venda”, disse. “Mande um projeto de lei, a gente vai discutir rapidamente, mais rápido do que a Medida Provisória e aprovar com o meu apoio”, afirmou, em recado a Temer.

LEIA TAMBÉM » Fiesp pediu a Temer que suspensão do processo de privatização da Eletrobras » Paulo Câmara comemora rejeição do Congresso à privatização da Eletrobras » Privatização da Eletrobras ocorrerá por meio de aumento de capital » CCJ aprova referendo sobre privatização da Eletrobras “Não é correto a sociedade não ser ouvida antes, através dos seus representantes na Câmara dos Deputados”, opinou ainda.

O assunto só será discutido em fevereiro, após o recesso parlamentar, quando deve entrar em pauta também a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência.

Antes da MP assinada no último dia 29, Temer já havia editado outra MP para viabilizar a venda da Eletrobras, uma articulação do ministro de Minas e Energia, o pernambucano Fernando Filho.

Em junho, foi facilitada a transferência do controle de ativos e as privatizações de distribuidoras da Eletrobras.

O anúncio da intenção de privatizar a estatal foi feito por Fernando Filho em agosto.

MPs já foram motivos de outros rounds entre Maia e Temer A edição de Medidas Provisórias pelo governo Temer já foi motivo de outro atrito entre os dois.

Reclamando do alto número de matérias como essas, Maia chegou a não pautar MPs na Câmara. » Irritado, Maia mantém promessa e não coloca MPs em pauta » Ameaça de Maia de ignorar Medidas Provisórias põe em risco R$ 17 bi » Maia anuncia que não votará mais MPs enviadas pelo governo » Temer tenta negociar trégua com Maia com ajuda de Imbassahy Desde que assumiu, em maio de 2016, ainda no processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT), até outubro deste ano, o presidente editou 79 MPs, o que dá uma média de mais de quatro por mês.

As Medidas Provisórias têm uma tramitação especial e trancam a pauta no plenário.