O governador Paulo Câmara (PSB), voltou a cobrar a liberação de verbas para a Adutora do Agreste, obra complementar à transposição que vai levar a água captada no rio São Francisco para municípios pernambucanos.

Apesar da liberação de R$ 126 milhões de emendas de bancada para a obra, o socialista frisou que o serviço quase foi paralisado por falta de recursos este ano e que esse dinheiro deve acabar em março.

Sem a liberação dos R$ 500 milhões restantes para a segunda etapa, ele afirmou que não vai aceitar discutir a gestão da utilização da água, que inclui pagar os custos da energia para bombeá-la. “Quatro estados vão ter que pagar essa água, que não é de graça.

Pernambuco já disse, como a Paraíba e o Ceará, que só vai discutir algum tipo de gestão de utilização da água quando obras complementares estiverem prontas.

Enquanto não estiverem, é de responsabilidade do governo federal”, afirmou o governador após entrevista à Rádio Jornal.

A conta da operação da transposição gira em torno de R$ 500 milhões por causa da energia necessária para bombear a água.

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Paulo Câmara comemora » Paulo Câmara aceita divisão de custos da transposição e promete isentar mais pobres » População espera transposição, mas cobrança por consumo aflige » Transposição chega à Paraíba, mas ainda falta muito em Pernambuco » Governo estuda privatizar transposição do São Francisco Consta nos termos de compromisso da transposição que a cobrança da água e o pagamento dos custos de operação e manutenção do sistema ao operador nacional, que até agora é a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), caberão aos estados receptores.

Foto: Divulgação Nos cálculos feitos pelo presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Roberto Tavares, em março, não será baixo o impacto: seria de 8% a 10% na conta do pernambucano.

Paulo Câmara já havia reconhecido que os estados deveriam pagar, mas cobrou “regras claras” e afirmou que os mais pobres deveriam ser isentos.

Sem obras complementares, transposição não atende Pernambuco O governador afirmou desta vez, porém, que está frustrado com os repasses para a Adutora do Agreste, que vai levar a água da transposição para essa região do Estado. “Quando foi pensada a transposição lá trás, foi feita uma pactuação de como seria isso.

Pernambuco só permitiu que os dois canais passassem no solo de Pernambuco se tivessem as obras complementares, então isso é compromisso do governo federal, isso está previsto, é uma contra-partida necessária”, lembrou. “Vamos cobrar isso de maneira insistente com quem precisamos e fazer os movimentos políticos necessários”, disse ainda. “Nos frustramos com a Adutora do Agreste.

Quando a gente vê paralisações em 2015 e a que quase ocorreu em 2017, fica apreensivo com a falta de compromisso com coisas essenciais, como é a falta de água.” As obras da adutora começaram em 2013. » Oito meses após inauguração, transposição vai chegar a Floresta, 2ª cidade em Pernambuco » Bomba da transposição é roubada e ministério suspeita de comerciantes em depredação » Ministro religa bombas da transposição inauguradas por Dilma em Pernambuco » MPF recomenda ao Ibama que não conceda licença à transposição Segundo Paulo Câmara, o dinheiro liberado agora pode levar a obra até março, quando deve ser concluída a primeira etapa, levando água de Arcoverde até São Caetano.

A segunda etapa, que precisa de R$ 500 milhões, vai até Caruaru e os municípios vizinhos.

Além da adutora, há o Ramal do Agreste, que sequer chegou a ser licitado e é previsto para depois de 2020.

A água seria captada do eixo leste no reservatório Barro Branco, em Sertânia, no Sertão.

De lá, seguiria para o açude de Ipojuca, em Arcoverde, também no Sertão.

De lá, a adutora levaria a água até Gravatá, no Agreste.

Para minimizar a falta do equipamento, está sendo construído a Adutora do Moxotó, que levará água de Sertânia até Arcoverde mesmo sem o ramal.

O lado negativo é que isso representa um custo será ainda maior para o pernambucano, devido à necessidade de grandes estações de bombeamento. » Um ano depois, obras são retomadas no eixo norte da transposição » No Agreste, Diogo Moraes manda pessoas cobrarem água da Transposição a Temer e seus ministros » No Recife, Alckmin usa transposição para colar imagem no Nordeste » Deputados cobram de Temer que águas da transposição cheguem ao Sertão de Pernambuco » MPF pede ao TSE para multar Lula por ato político na transposição Sem essas obras, hoje, mesmo com mais de 200 quilômetros de canais do eixo leste passando por Pernambuco para atender a Paraíba, cerca de 35 mil pessoas são beneficiadas em um único município do Estado.

Na vizinha Paraíba são aproximadamente 1 milhão.

O eixo leste foi entregue em março, em cerimônia com o presidente Michel Temer (PMDB) em Monteiro, na Paraíba.

A solenidade demonstrou a briga pela paternidade da transposição, iniciada em 2007, no governo Lula (PT), porque dias depois o petista esteve no local fazendo um ato político para também marcar o início do funcionamento.

A obra foi inaugurada com sete anos de atraso.

Temer na abertura da comporta do reservatório de Campos, em Sertânia (Foto: Beto Barata/Presidência da República) Há ainda o eixo norte, o maior e com mais atrasos no serviço.

Nele, a água é captada em Cabrobó, no Sertão pernambucano, e levada ao Ceará, passando por Rio Grande do Norte e Paraíba.

Esse trecho, porém, ficou com obras paradas por um ano, após atrasos, porque a construtora deixou a obra e a licitação foi envolvida em um imbróglio judicial.