O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), criticou nesta quinta-feira (28) as declarações do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (PMDB-MS), que admitiu usar financiamentos da Caixa para pressionar estados e municípios a favor da reforma da Previdência.
O socialista é contrário ao projeto do presidente Michel Temer (PMDB) e aguarda - “apesar de Carlos Marun, que deu declaração irresponsável”, nas palavras dele à Rádio Jornal nesta quinta-feira (28) - liberação de R$ 340 milhões do banco público, de um contrato já assinado.
Somando outros pleitos, o valor esperado chega a R$ 600 milhões. “A gente não acredita que na federação em que vivemos, com sofrimento do povo, falta de empregos e projetos tao importantes para água, haja uma atitude tao mesquinha do governo federal”, afirmou Paulo Câmara. “Não conheci esse ministro.
Vi na televisão defendendo Eduardo Cunha e depois sendo nomeado.
Está no lugar errado no momento de fazer politica com ética no Brasil.” Apesar das declarações, Marun negou que esteja promovendo “chantagem” com governadores e prefeitos e destacou que os financiamentos da Caixa “são ações de governo”.
Em resposta, os governadores do Nordeste enviaram nessa quarta-feira (27) uma carta pública a Temer protestando contra o ministro.
No documento, eles prometem acionar política e judicialmente os agentes públicos envolvidos, caso a “ameaça” de Marun se confirme.
Para Paulo Câmara, Temer não tem legitimidade para fazer a reforma da Previdência, projeto que ele considera imposto aos parlamentares. “Hoje não tem debate, hoje se jogam as ideias no Congresso que tem privilégios, que vai atacar a idade minima (com a qual o governador concorda) e quando vê tem mais coisas por trás”, afirmou.
O governador defende que as mudanças no sistema de aposentadorias sejam debatidas durante as próximas eleições e executadas em 2019. “Já foi tantas vezes modificada que a gente não sabe nem o que é a reforma da Previdência.
Não tem nem ressonância dentro do Congresso e os votos necessários para iniciar o processo”, disse ainda. “É chantagem para lá, chantagem para cá, em torno de quem é a favor ou contra.”