A Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) divulgou uma nota nesta quinta-feira (28) repudiando as críticas dirigidas à equipe da Polícia Civil que está à frente das investigações do caso da estudante de pedagogia Remís Carla Costa.
Amigos da jovem, que foi vítima de feminicídio no Recife, criticaram o atendimento na 1ª Delegacia da Mulher, onde ela havia denunciado um mês antes agressões do namorado acusado pela sua morte, e afirmaram que houve omissão após o desaparecimento dela.
Na nota, Adeppe afirma que em nenhum momento - desde o desaparecimento até a ocasião em que foi encontrado o corpo da vítima - a investigação foi “tratada com desdém”. “Tanto que o caso foi solucionado em apenas quatro dias após ser levado ao conhecimento das autoridades”, diz a nota.
LEIA TAMBÉM » Artigo: Sobre a cultura do feminicídio » Denúncia de negligência no caso Remís será levada à SDS » Polícia confirma que Remís foi morta asfixiada pelo namorado por ciúmes Confira a nota: A Adeppe (Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco) vem manifestar o seu VEEMENTE REPÚDIO às críticas dirigidas à Polícia Civil, especificamente no tocante à investigação que teve por fim esclarecer o desaparecimento da estudante de pedagogia Remís Carla Costa, ocorrido no dia 17 de dezembro de 2017, mas só comunicado por meio de boletim de ocorrência no dia 19 de dezembro. É fundamental esclarecer que o delegado titular da DDPP (Delegacia de Desaparecidos e Proteção à Pessoa), Élder Tavares, apenas se deparou com o caso no dia seguinte, ou seja, em 20 de dezembro, ao iniciar seu expediente, ocasião em que praticou diversos atos, que se estenderam por aproximadamente 11 horas ininterruptas, ao final do que, infelizmente Remís não fora localizada, fato amplamente divulgado pela imprensa. » ‘‘Ainda tinha esperanças de encontrá-la’’, diz mãe de Remís Carla No dia seguinte, já pela manhã, a mesma autoridade policial deu continuidade às investigações, empenhado na elucidação do caso, ocasião em que colheu diversos depoimentos testemunhais e efetuou diligências protegidas pelo sigilo inerente a qualquer investigação policial, conduta que novamente se repetiu no dia seguinte, sexta-feira 22.
No sábado, 23 de dezembro, Remís, infelizmente, foi encontrada sem vida, pelo GOE (Grupo de Operações Especiais), o que demonstra quão empenhada estava a Polícia Civil de Pernambuco.
Ao ser informado da localização do corpo da estudante, o delegado de polícia Élder Tavares, de imediato, suspendeu seu descanso semanal para acompanhar os trabalhos do corpo técnico-científico da PCPE, bem como para realizar a prisão em flagrante de Paulo César, namorado de Remís, o que fora feito com êxito por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), na cidade de Vicência-PE, procedimento que durou até às 0h do domingo, dia 24 de dezembro e que foi presidido pela citada autoridade policial.
Ainda na véspera do Natal, 24 de dezembro, o referido Delegado representou pela decretação da prisão preventiva do algoz de Remís, Paulo César, agora como forma de garantir a investigação do feminicídio por ele praticado.
Diante do acima narrado, resta inconteste que em nenhum momento a investigação foi tratada com desdém, tanto que o caso foi solucionado em apenas quatro dias após ser levado ao conhecimento das autoridades.
Infortunadamente, o delegado de polícia não possui competência legal para determinar as medidas protetivas, como pretendeu recentemente o Congresso Nacional, com a proposição do Projeto de Lei 07/2016, que foi fortemente criticado por representações dos magistrados e do Ministério Público e pela própria Sra.
Maria da Penha, que mudou de opinião e se manifestou contrária.
Acaso a proposta fosse aprovada, poder-se-ia salvar a vida de inúmeras mulheres, inclusive dessa jovem, precocemente ceifada por um assassino frio e covarde.