Estadão Conteúdo - Horas depois de o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitir que o Palácio do Planalto está pressionando governadores e prefeitos a trabalhar pela reforma da Previdência em troca da liberação de recursos e financiamento de bancos públicos, coube ao vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), suavizar o discurso. “Nós não vamos fazer condicionamento, isso não tem nenhum cabimento”, declarou Mansur nesta tarde.
O deputado passou pelo Palácio do Planalto nesta tarde e confirmou aos jornalistas que o governo federal está “conversando” intensamente com governadores e prefeitos em busca de votos a favor da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). “Se governadores e prefeitos não fizerem nada, a reforma que for aprovada na Câmara e no Senado vai valer em seis meses para Estados e municípios”, lembrou.
Mansur disse que a “pressão” é uma posição do ministro e que ele pessoalmente vai trabalhar no “convencimento” dos parlamentares.
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No campo da negociação com parlamentares, Mansur explicou que a estratégia é retomar a contagem diária de votos, ouvindo os “anseios” e as pendências (pagamento de emendas e cargos) das bancadas, conversando individualmente com os deputados e tentando ganhar o voto dos indecisos.
O foco, segundo Mansur, será convencer os partidos aliados, como PR e PSD, a fecharem questão - mecanismo onde os deputados são obrigados a seguir a orientação partidária na votação, sob risco de punição aos desobedientes. » ‘Jamais vamos desistir da Previdência’, diz Temer » Rodrigo Maia diz que governo vai continuar em busca de votos para Previdência » Em rede social, Henrique Meirelles evita a palavra ‘Previdência’ » FBC diz que adiamento da Previdência ajuda a convencer sobre reforma De acordo com o vice-líder, o governo tinha 267 votos antes do início do recesso.
Ele vê espaço para que o governo alcance em 45 dias os 308 votos necessários para aprovar a PEC. “É sempre bom manter o contato (direto) com o parlamentar”, afirmou.
Em entrevista, Mansur defendeu que o texto final do relator Arthur Maia (PPS-BA) seja apresentado na véspera da votação, marcada para começar no dia 19 de fevereiro.
Sobre a abertura de mais espaço para os aliados na Esplanada dos Ministérios, Mansur desconversou sobre a realização de novas mudanças na equipe do presidente Michel Temer e disse que o maior problema no governo era o PSDB (que não entregava votos suficientes a favor do governo, mas ocupava quatro ministérios).
Hoje os tucanos só têm o Ministério das Relações Exteriores. “A minirreforma (ministerial) já foi feita”, concluiu Mansur.