“O Brasil está brincando com fogo.

Se não tomarmos as atitudes corretas, nós vamos viver uma nova crise, e grave”, diz Marcus Pestana. “Como dizia Ulisses Guimarães, ‘nós estamos fazendo piquenique na boca do vulcão”, finaliza.

O deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG) diz ser necessário reformar a Previdência levando em contas dados nacionais da economia.

De acordo com dados do Tesouro Nacional, a estimativa de déficit no setor previdenciário para este ano é de R$ 181,6 bilhões. “Se nada for feito, daqui a dez anos só vão sobrar 18% para educação, saúde, segurança, ciência, tecnologia, meio ambiente, relações exteriores, porque 82% vão ser para a Previdência e benefícios sociais”, projeta o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).

O partido fechou questão na última semana a favor da reforma, mas ainda não definiu se haverá punição para os que votarem contra a medida.

Para Marcus Pestana, um dos motivos da crise econômica é a Previdência. “O Brasil, se não ajustar suas contas públicas, se não fizer a reforma, vai cair num buraco, vai cair em uma crise de novo”, diz. “Todo sistema previdenciário tem que ter duas pré-condições, ele tem que ser sustentável e justo.

O sistema no Brasil não é nem justo e nem sustentável”, lamenta.

PIB Recentemente, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um estudo que afirmava que, em 2050, 17% do PIB seriam voltados somente para aposentadorias no Brasil se o sistema permanecer da forma atual.

A média esperada em outros países para esse período gira em torno de 9%. “É muito importante observar a tendência desses números.

Se continuar como está, de fato, o gasto com previdência no Brasil deverá absorver uma proporção muito grande dos gastos”, comenta o especialista em finanças Marcos Melo.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentou um estudo no início de dezembro que mostra que, entre 1992 e 2015, o número de pessoas recebendo o benefício da aposentadoria passou de 8,2% para 14,2%.

E com o crescimento da população idosa, ainda segundo o estudo, a tendência é que o número de beneficiários aumente. “O envelhecimento já está tendo impacto e isso implica a necessidade de ajustes”, avisa o coordenador de Previdência Social do Ipea e autor do estudo, Rogério Nagamine.

O número de idosos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 16% entre 2012 e 2016.

O presidente Michel Temer já avisou que não vai desistir da reforma e pediu que a discussão não parasse durante o recesso dos parlamentares, que teve início na semana do dia 18 de dezembro.

No Congresso Nacional, a luta é para conseguir os 308 votos necessários para que a reforma seja aprovada.

Antes cogitada para outubro, a votação foi adiada para dezembro deste ano e depois foi batido o martelo para que seja retomada na primeira semana de fevereiro de 2018.

Em pronunciamento de Natal, na noite deste domingo (24), o presidente Michel Temer voltou a pedir apoio para aprovação da reforma da Previdência.

Com um tom otimista, Temer destacou que as mudanças nas regras para se aposentar são essenciais para o desenvolvimento do país.

Alegando que a proposta não é uma que questão partidária, o presidente afirma que as novasregras são a garantia de pagamento dos benefícios no futuro. “Devo dizer uma palavra sobre a reforma da Previdência.

Não é uma questão ideológica ou partidária. É uma questão do futuro do País, para garantir que os aposentados de hoje e os de amanhã possam receber suas pensões”, disse.

A votação da matéria está prevista para o dia 19 de fevereiro.

Até lá, o governo Federal deve trabalhar para conquistar votos de parlamentares indecisos.

E, no discurso do último domingo, Temer disse que tem convicção de que o Congresso Nacional vai aprovar a reforma da previdência. “Nosso país vizinho, a Argentina, num gesto consciente e de união pelo país, de exemplo e acaba de aprovar a sua reforma.

Tenho plena convicção de que os nossos parlamentares darão o seu voto e o seu aval, para que isso também aconteça aqui.

Tenho certeza que eles não faltaram”, afirmou o presidente.

Caso a reforma seja aprovada, a idade mínima começaria com 55 anos para os homens e 53 anos para as mulheres.

A partir de 2020 essa idade começa a subir, na proporção de um ano de idade a cada dois anos que se passam.

Assim, somente em 2038 o piso para a aposentadoria seria atingindo, fixando as idades de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres.