Seguindo o que tem afirmado o seu partido, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, do PSB, se posicionou contra a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo presidente Michel Temer (PMDB).

O socialista foi o entrevistado do cientista político Antônio Lavareda no 20 minutos deste sábado (23), na TV Jornal, e defendeu que em 2018 projetos para o sistema de aposentadorias sejam debatidos nos programas eleitorais. “Dois mil e dezoito, como é um ano eleitoral, é um ano de se discutir as reformas, de os candidatos dizerem abertamente quais são as reformas que vão fazer, de que forma vão fazer.

Isso vai ajudar muito o Brasil do futuro”, afirmou.

LEIA TAMBÉM » Governo terá derrota simbólica se Previdência não passar, diz Temer » Temer volta a cobrar apoio de aliados para aprovação da reforma Previdenciária » ‘Jamais vamos desistir da Previdência’, diz Temer » FBC diz que adiamento da Previdência ajuda a convencer sobre reforma Para Paulo Câmara, Temer não tem legitimidade para aprovar a reforma da Previdência, mas mudanças seriam necessárias para equilibrar as contas públicas principalmente porque a expectativa de vida da população está aumentando. “Não é só o meu partido que se opõe, a sociedade brasileira se opõe a essa reforma da Previdência que está sendo colocada aí pelo governo federal.

Precisa primeiro ser bem discutido”, afirmou. “O governo Temer assumiu num momento de transição que era necessário na oportunidade, mas sem legitimidade para propor temas que não foram discutidos com a população”, disse ainda.

Paulo Câmara alega que a proposta está sendo discutida da forma errada. “Se apresentou um projeto que retirou direitos e não olhou para o Brasil da forma que precisa olhar.

O Brasil é muito grande, não dá para fazer reformas sem olhar as desigualdades, as questões de cada região.

O Nordeste brasileiro é uma região muito pobre, desigual que tem 28% da população e nem 14% do PIB”, argumentou. “O debate ficou pobre, não avançou, foi rejeitado pela população.

O governo federal não teve a capacidade de voltar esse debate da maneira correta, sentando na mesa, discutindo pontos que poderiam ser aprovados e deixados para o futuro.” Aliança com PT Na semana em que se discutiu a possibilidade de o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa se filiar ao PSB, Paulo Câmara afirmou que o partido já conversou com outros nomes de centro-esquerda, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), que disputou em 2014 pela sigla, após a morte de Eduardo Campos.

O pré-requisito seria ter uma proposta de governo diferente do que propõe Michel Temer. “O PSB tem um grande patrimônio, que foi construído por Eduardo Campos em 2014: um programa de governo atual, válido, que não pôde ser mostrado ao Brasil em 2014, por n motivos, mas que agora tem condições de ser mostrado em 2018, seja com candidatura própria ou com alianças de centro-esquerda, mas que seja realmente um debate para o futuro do Brasil”, disse Paulo Câmara, que é vice-presidente nacional do partido.

Nacionalmente, o PSB tem se reaproximado do PT, quatro anos após o rompimento para viabilizar a candidatura de Eduardo e dois anos após o apoio ao impeachment de Dilma Rousseff.

Hoje, no Estado, petistas fazem oposição às gestões socialistas, mas uma possível aliança pode se desenhar. “Vamos continuar conversando com todos os partidos que queiram conversar.

Em Pernambuco temos uma situação que carece de muita discussão, de sentar na mesa”, admitiu Paulo Câmara.