Por Douglas Silva, especial para o blog O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu ontem, 21, a manifestação mais clara da sua intenção de entrar na corrida eleitoral mais embaralhada desde 1989.
Dos 10 minutos de duração do programa do Partido Social Democrático (PSD) exibido na noite desta última quinta-feira, oito foram dedicados a apresentar o currículo e a trajetória do ministro, filiado ao partido.
Na peça da legenda, comandada pelo Ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, Meirelles fez questão de reforçar o discurso do governo Michel Temer sobre as reformas e a retomada da economia. “Esse governo tem tido a coragem de fazer reformas fundamentais para a retomada do crescimento e do emprego”, afirmou.
Uma demonstração de que o chefe da pasta da Fazenda é um dos nomes que defenderão o legado do presidente Temer em uma eventual disputa à Presidência da República.
Meirelles explicou no programa o papel que exerce no governo e quis se mostrar um homem que “dorme pouco” e trabalha “muito”. “O trabalho do ministro da Fazenda é fazer a economia melhorar e o país crescer”, disse.
Uma tentativa de se aproximar mais da população.
Na última pesquisa do Datafolha, divulgada no último dia 2, o ministro de Temer aparece com até 2% nos vários cenários da disputa presidencial de 2018.
Se confirmar a sua candidatura à Presidência, Meirelles vai ter um caminho longo até encostar nos nomes que, por enquanto, polarizam as pesquisas, o ex-presidente Lula (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC - RJ).
O PSC parece apostar que a estrada pode ser facilitada se o atual ministro for escolhido como o candidato do governo Temer.
Assim, poderá ter máquina federal e tempo de TV para tentar reverter os números tímidos nas últimas pesquisas.
O ministro é mais um dos tantos nomes que se posiciona no centro do espectro ideológico.
Em uma disputa acirrada entre a direita e a esquerda, vários pré-candidatos exploram um discurso de moderação e diálogo.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o senador Álvaro Dias (Podemos), a ex-senadora Marina Silva (Rede) são alguns dos vários exemplos da tentativa de ocupar esse espaço.
No programa, Meirelles citou os “aventureiros”, uma menção cada vez mais frequente nos discursos da classe política.
E fez questão de se apresentar como uma figura que foge do atual acirramento ideológico. “Eu sou um homem que acredita no diálogo.
Acima da diferença de opinião está o Brasil”, destacou.
Para se viabilizar como candidato à Presidência, Meirelles conta com o apoio de Kassab, que vem sempre repetindo a ideia de lançar um nome do PSD para as eleições presidenciais e sempre destacou o ministro como um potencial nome para a briga.
Vários fatores vão exercer influência na consolidação de palanques para 2018.
Um cenário em que Lula seja condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e impedido de disputar pela sexta vez a Presidência vai repercutir muito no embaralhado jogo político.
Outra questão não menos importante é a recuperação da economia que pode levar Temer a reunir forças e defender ele mesmo o seu legado.
O comandante da economia deu um prazo até março para anunciar uma eventual candidatura.
Até lá, muitos nomes ventilados para disputar o mais alto cargo da República podem não se consolidar.
COLETIVA Meirelles também reuniu ontem, 21, jornalistas para uma coletiva de imprensa na sede do PSD.
E não falou apenas de economia, tocando em temas como segurança e educação.
Um ponto de destaque é a possibilidade do ministro rumar para outro partido visando às eleições de 2018.
O motivo para esse desembarque da legenda, segundo o ministro, é a agremiação de Kassab não apoiar totalmente a reforma da Previdência, bandeira defendida pelo comandante da economia.