Agência Brasil e Estadão Conteúdo - O juiz Bruno Aielo Macacari, da Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal, enviou nesta quinta-feira (21) ofício à Polícia Federal (PF) para cobrar a imediata transferência do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) para Brasília.

O parlamentar se entregou nessa quarta-feira na sede da PF em São Paulo após expedição do mandado de prisão, mas a data da transferência ainda não foi divulgada.

A manifestação foi enviada aos superintendentes da PF em Brasília e São Paulo. “Solicito a Vossa Senhoria as providências necessárias ao imediato recambiamento do sentenciado Paulo Salim Maluf, filho de Maria Stefano Maluf, da comarca de São Paulo para este Distrito Federal, observando as recomendações contidas na decisão proferida por este Juízo nesta data, cópia anexa”, determinou o magistrado.

LEIA TAMBÉM » Cármen Lúcia deve decidir sobre recurso de Maluf contra prisão até esta sexta » TJ do Distrito Federal manda Maluf para a Papuda » ‘Uma grande injustiça’, diz Maluf sobre pedido de prisão Na terça-feira (19), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin expediu mandado de prisão para que Maluf inicie o cumprimento de 7 anos e 9 meses em regime fechado pela condenação definitiva por lavagem de dinheiro.

Fachin determinou que a pena seja cumprida em Brasília.

Mais cedo, a VEP também determinou a realização de perícia médica oficial para avaliar se o deputado poderá cumprir prisão domiciliar humanitária por ter 86 anos e problemas de saúde.

O pedido para o parlamentar não ser levado para a Penitenciária da Papuda, em Brasília, e cumprir pena em casa foi feito nessa quarta-feira por seus advogados.

Maluf na mesma ala que Geddel Se nenhuma nova decisão mudar o curso dos acontecimentos, Maluf ficará detido em uma cela de 30 metros quadrados e com capacidade para abrigar até dez internos, na ala B, bloco 5, do Centro de Detenção Provisória (CDP) da Papuda.

A defesa ainda tenta suspender no STF o início da execução da pena.

A Ala B - junto com as alas A e C - deste bloco reúne políticos, idosos, ex-policiais, além de presos com ensino superior.

O ex-ministro Geddel Vieira Lima e o empresário e senador cassado Luiz Estevão se encontram na mesma ala onde ficará Maluf, mas ainda não está definida a cela exata em que o deputado condenado ficará.

As três alas reúnem presos que são considerados “vulneráveis”, que poderiam correr riscos se confinados junto aos demais detidos.

Em janeiro, em uma vistoria realizada no bloco 5, foram encontrados itens proibidos na cela de Luiz Estevão, como chocolate, cafeteira elétrica, cápsulas de café e massa importada.

O empresário chegou a ser mandado temporariamente para a solitária por desrespeitar regras internas.

Na época, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) abriu uma sindicância para apurar se houve facilitação por parte de carcereiros para a entrada desses itens em troca de propina por parte de Luiz Estevão. » Advogado diz que Maluf está ‘muito abalado, arrasado’ » Maluf se entrega à PF para cumprir prisão determinada pelo STF » Maia diz que cabe ao plenário da Câmara decidir sobre perda de mandato de Maluf Como os demais detentos, Maluf terá direito a quatro refeições diárias - café da manhã, almoço, jantar e lanche noturno - e duas horas de banho de sol.

O ex-prefeito de São Paulo poderá cadastrar até dez pessoas para visitá-lo, sendo nove familiares e um amigo.

Nos dias de visita, apenas os quatro primeiros que agendarem poderão entrar na unidade prisional.

Advogados, por regra, têm direito a acesso a qualquer momento.

A pedido do juiz substituto que determinou a transferência de Maluf para o CDP, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal (SSP-DF) informou que o local conta com equipe médica multidisciplinar, composta por médicos, psicólogos e dentistas.

Informou também que, em caso de necessidade, os custodiados podem ser encaminhados a unidades de saúde fora dos presídios.

A prisão de Maluf, que se entregou nesta quarta-feira (20) à Polícia Federal em São Paulo, se deu após longa tramitação de uma ação que apurou desvios milionários dos cofres da Prefeitura de São Paulo, que ele administrou entre 1993 e 1996.

O dinheiro teria saído de obras viárias marcantes de sua gestão, o Túnel Ayrton Senna e a Avenida Água Espraiada, hoje Jornalista Roberto Marinho.

Maluf sempre negou contas no exterior. “Não tenho e nunca tive contas no exterior”, recita, sempre que indagado sobre o tema.