Estadão Conteúdo - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, evita usar sua conta pessoal no Twitter para defender a reforma da Previdência, gestada em sua pasta e considerada essencial pelo governo Michel Temer.
Desde maio, quando ingressou na rede social, Meirelles escreveu três vezes sobre a “Previdência” - a última na sexta-feira (15), depois que o governo postergou a votação no Congresso para 19 de fevereiro, por falta de votos.
As únicas duas menções anteriores ocorreram em 11 de setembro.
O titular da Fazenda passou os últimos três meses, entre setembro e novembro, sem citar a reforma.
O período coincide com as vitórias de Temer nas denúncias apresentadas contra ele pela Procuradoria-Geral da República - e barradas na Câmara - e com a retomada dos esforços do governo para tentar aprovar as novas regras previdenciárias.
LEIA TAMBÉM » No fim de março vou decidir sobre candidatura, diz Meirelles » Meirelles defende aprovação da reforma da Previdência ainda este ano » É melhor para todos que Previdência seja aprovada agora, diz Meirelles Meirelles tem usado a palavra “reforma”, de maneira genérica.
Ela foi mencionada 14 vezes.
O vocábulo, no entanto, foi mais associado ao longo deste ano nas pesquisas na internet à nova legislação trabalhista, conforme monitoramento do Google Trends.
Apenas em um vídeo ele fala sobre “aposentadoria”, outra palavra que não faz parte de seu vocabulário digital.
Linguagem coloquial A reportagem analisou o conteúdo postado por Meirelles, que contratou uma equipe particular de mídias sociais para auxiliá-lo nas postagens e monitorar as reações, conforme a assessoria da Fazenda.
Até a noite de sexta-feira, o perfil de Meirelles, certificado pelo Twitter, somava 276 mensagens e beirava os 30 mil seguidores.
Na rede, o ministro substitui, com frequência, a linguagem técnica por uma mais coloquial.
Tem dado ênfase ao consumo, salário, alimentos e famílias pobres.
As palavras mais usadas são: mais, Brasil, economia, crescimento, recuperação, inflação, maior, recessão, empresas, empregos e País.
Todas aparecem mais de 20 vezes.
O Ministério da Fazenda disse que Meirelles “abriu um canal direto de diálogo” com seu ingresso na rede social e “utiliza o Twitter para debater os resultados concretos da política econômica na vida da população, sobretudo o crescimento e a recuperação econômica e a queda da inflação ou outros temas por ele escolhidos”. » Brasil está indo tão bem ou melhor do que no governo Lula, diz Meirelles “A defesa da reforma da Previdência também tem sido feita pelo ministro em manifestações públicas e entrevistas a meios de comunicação com alto nível de audiência”, afirmou a assessoria do ministério.
Apesar de evitar a reforma previdenciária no Twitter, Meirelles tem debatido o tema diariamente em agendas de trabalho e eventos públicos.
Foi o que ocorreu na terça-feira, quando Temer reuniu representantes do PIB no Palácio do Planalto, como forma de criar uma onda favorável e pressionar pela aprovação da reforma.
Meirelles discursou longamente no dia, mas fez uma única postagem no Twitter.
Era um vídeo comemorando os 19 meses à frente do Ministério da Fazenda.
A Previdência não apareceu.
O ministro ainda interage pouco nas redes.
Limita-se a postar conteúdo de forma unidirecional, não entra na conversa nem debate com internautas.
Tem o costume de redistribuir a seus seguidores entrevistas e reportagens que lhe agradam e postagens de personalidades como o comentarista Ricardo Amorim, o blogueiro Reinaldo Azevedo e o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo.