A decisão do governo de Michel Temer (PMDB) de adiar a votação da Reforma da Previdência foi comemorada pelo líder da Oposição, Humberto Costa (PT).
A expectativa inicial do governo era de votar a proposta até a próxima semana.
No entanto, com a resistência de parlamentares, inclusive da base governista, de votar favorável à medida, o governo resolveu só colocar o projeto em plenário em fevereiro do ano que vem. “O governo foi derrotado na tentativa de aprovar este ano a Reforma da Previdência.
Isto mostra a importância da mobilização.
Os parlamentares estão sentindo a pressão dos seus eleitores que não aceitam de jeito nenhum este projeto que, na prática, representa o fim da aposentadoria”, disse.
Antes de anunciar oficialmente o adiamento da votação da reforma, lideranças de Temer se estranharam publicamente.
O líder do Governo no Senado, Romero Jucá, falava desde a quarta-feira no adiamento da votação.
Setores do governo tentaram adiar ao máximo a notícia. “É um governo de patos e patetas que tem atuado para acabar com todos os direitos do povo brasileiro para manter os seus privilégios.
Gente que diz prega corte de gastos com saúde e com educação, mas que torra bilhões para comprar votos de deputados. É gente que defende a reforma trabalhista para ‘modernizar as relações de trabalho’, mas que mantém as velhas práticas de inchar a máquina pública de cabos eleitorais.
São pessoas que querem aumentar a idade mínima para ter acesso a Previdência, mas que, seguindo o próprio exemplo de Temer, se aposentam aos 53 anos”, disse. “Ainda temos um longo caminho pela frente para derrotar de vez este projeto.
Temos que manter numa mobilização permanente e cada um tem que fazer a sua parte pressionando os parlamentares.
Só assim conseguiremos enterrar este projeto nefasto”, disse.
Ajuda dos prefeitos Na tentativa de conseguir apoio para aprovar a reforma da Previdência, o presidente da República Michel Temer chegou a se reuniu, nesta quarta-feira (13), com cerca de 300 prefeitos, no Palácio do Planalto.
O encontro organizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) teve o intuito de concentrar esforços para apresentar argumentos que viabilizem a votação do texto na Câmara dos Deputados, ainda neste ano. “Nós estamos fazendo uma reforma agora que evita um desastre ali na frente.
Um desastre já revelado na Grécia, em Portugal.
Lá houve corte de aposentadoria e pensões de 20, 30%.
Houve corte de vencimentos de 20, 30%”, disse o presidente.
Michel Temer pediu aos prefeitos para que eles cobrem os parlamentares para votarem a favor da reforma. “A partir de agora, comecem a manter contato com os deputados e senadores, dizendo, ‘meus caros, a sociedade quer isso, a sociedade precisa disso, ninguém será apenado em função disso’”.
Na reunião, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski disse que vai continuar trabalhando pelo diálogo para que todas as divergências a respeito do tema sejam sanadas. “Já estivemos juntos neste ano cerca de oito vezes.
Existe um conflito e esse conflito deve ser exteriorizado.
A Confederação procura, dentro dos limites, defender os interesses dos municípios”, disse.
Ziulkoski ainda criticou afirmações de notícias sobre a compra do apoio dos municípios por R$ 2 bilhões, baseadas no auxílio-financeiro anunciado por Temer no último mês.
O deputado Federal Darcísio Perondi (PMDB-RS), que também participou do evento, afirma que a reforma da Previdência iria garantir mais investimentos em áreas importantes para a população. “Essa reforma vai fazer com que as prefeituras possam economizar um mês da folha [DE PAGAMENTO]para aplicar em um posto de saúde, para comprar remédio, fazer um calçamento ou melhorar a escola, fazer exame para os doentes”, disse o vice-líder do governo na Câmara.
Na terça-feira (12), Temer também se reuniu com lideranças empresariais.
No encontro que contou com a presença de ministros e parlamentares da base governista, o presidente afirmou que este é o momento de aprovar a reforma e que, sem mudanças, o Brasil viverá um cenário de “eliminação de postos de trabalho e ausência de desenvolvimento no País”.
A discussão da matéria só iria acontecer se os 308 votos necessários para aprovação estiverem garantidos. “Vamos esperar a discussão e volto a dizer, vai sendo esclarecedora.
Entre quinta-feira, segunda, terça se verifica.
Se tiver os 308 votos vai a voto agora, caso contrário, se espera naturalmente fevereiro e marca-se uma data”, afirmou Temer.
O peemedebista lembrou ainda que o déficit previdenciário compromete a sustentabilidade do setor e que pode levar estados e municípios à falência.
Em proporção nacional, a realidade do rombo previdenciário se estende ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS).
No ano passado, o prejuízo no sistema alcançou o recorde de R$ 149,73 bilhões.
O valor é 74,5% maior que o registrado em 2015, quando o rombo somou R$ 85,81 bilhões, o que corresponde a 1,5% do PIB.
De acordo com o Tesouro Nacional, as despesas com Previdência equivalem a 55% dos gastos do governo.
Para este ano, a expectativa é que o déficit do RGPS alcance R$ 181,6 bilhões.