Os gastos para reparar os prejuízos causados pela pichação de equipamentos e prédios públicos, em Olinda, já consumiram R$ 50 mil apenas esse ano.
A conta retira dos cofres municipais um valor que poderia ser aplicado em áreas vitais, como a saúde, educação e infraestrutura.
O levantamento, feito pela Secretaria de Serviços Públicos demonstra que, apesar da ampliação no trabalho de fiscalização, feito em toda a cidade, a solução também depende de uma mudança de comportamento das pessoas.
E nesse caminho, a arte pode ser utilizada como alternativa ao vandalismo.
O cenário que entristece e desrespeita a lei pode ser encontrado em diversas áreas da cidade.
No bairro de Águas Compridas, o muro do cemitério foi completamente riscado, em menos de 24 horas que a prefeitura havia realizado a pintura e requalificação.
Tudo já teve que ser refeito quatro vezes.
O mau exemplo também foi registrado no histórico Fortim de São Francisco, mais conhecido como Fortim do Queijo, no Carmo.
Os pichadores deixaram a sua marca em toda a estrutura do monumento.
Coube, mais uma vez, gastos que poderiam ser direcionados para outras finalidades.
A gestão deu início, desde o começo do ano, a um trabalho de sensibilização nas redes sociais com o propósito do combate a prática. “Infelizmente, não é possível parar por aí”, diz.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana, junto ao Estado, retomou o funcionamento de 38 câmeras de vídeomonitoramento, sendo 16 delas instaladas apenas no Sítio Histórico, onde a quantidade de casos também é alarmante.
Nem mesmo os templos centenários escapam. É o que pode ser visto nas portas e janelas da Igreja de São Pedro, assim como a lateral do templo religioso, na Rua Sete de Setembro. “Estamos concluindo um levantamento dos pontos mais críticos e dos infratores já identificados.
O material será remetido para a polícia, culminando na instauração de um inquérito”, explica o secretário da pasta, Cel.
Pereira Neto.
Segundo ele, mais 20 equipamentos devem chegar até o próximo semestre, além de uma nova central de observação na Guarda Municipal. “Quando as imagens mostram a ação dos vândalos, imediatamente uma guarnição é acionada e segue de posse das características do indivíduo.
Ele é encaminhado para a delegacia, onde é feito o enquadramento”, reforça Neto, que assegura a necessidade do reforço.
A pichação não se limita ao bem público e consegue ser ainda mais gritante no privado, tendo fachadas de residências e comércios sempre como alvo. “Eles parecem fechar os olhos para uma infração prevista no Artigo 65 da Lei 9605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais. É passível de seis meses a um ano de prisão, além do pagamento de multa”, diz a gestão.
No pacote de prejuízos consideráveis também está a depredação, como quebra de bancos, muretas, gradis ou roubo de fiação.
Conforme o secretário de Serviços Públicos, Evandro Avelar, são erros que não podem mais se repetir. “É preciso que as pessoas despertem essa consciência de que a cidade é de todos e precisamos preservá-la”.
Na Segunda Perimetral Norte, que também foi alvo de requalificação, o muro do aterro desativado também foi pichado. É o caso da Vila Olímpica, em Rio Doce, e da Unidade de Saúde da Família, em Peixinhos.
A situação se repetiu nas placas de boas-vindas da Avenida Olinda e na fachada de escolas municipais, a exemplo dos bairros de Ouro Preto, Jardim Fragoso e Alto da Bondade.
No conjunto residencial Cuca Legal, em Jardim Brasil, não foi diferente.
Apesar de ambos se utilizarem de tintas, seja em latas ou spray, a grafitagem e sua expressão artística se mostra como uma excelente alternativa para a pichação.
A medida vem sendo aplicada em Olinda, trazendo ótimos resultados.
Além do embelezamento da cidade, acaba servindo para inibir a ação de quem apenas pensar em deixar um rastro de sujeira.
Conforme o secretário de Turismo, Desenvolvimento Econômico e Tecnologia, João Luiz, os murais coloridos conseguem atrair os olhares da população, incluindo os visitantes.
No bairro de Peixinhos, o novo sanitário público, instalado no pátio da feira, já recebe uma intervenção artística. É assim também no muro da Escola Izabel Burity, em Rio Doce.
De acordo com o grafiteiro, Carlos André Pereira, profissional da área há 15 anos, trata-se de uma mudança de conceitos. “Os painéis funcionam como uma galeria a céu aberto, contando histórias do cotidiano e transmitindo mensagens positivas”, disse.