A Chesf é patrimônio do Nordeste e deve permanecer nas mãos do povo Luiz Antonio Melo Desde a construção de sua primeira hidroelétrica em 1948 até hoje, a Chesf vem cumprindo fielmente sua missão de produzir e transmitir energia para mais de 54 milhões de nordestinos.

Nesses quase 70 anos de muito trabalho, seus mais de 2.200 engenheiros, técnicos, geólogos, agrônomos e geógrafos atingiram os objetivos a que se dispuseram e hoje 100% de nossa população tem luz elétrica em casa.

Agora um novo desafio se coloca: recuperar e devolver a pujança do Rio São Francisco, duramente penalizado por fenômenos climáticos e constantemente ameaçado por governos que acham que a Eletrobrás (a Chesf incluída) é mercadoria.

Errado.

A Chesf é o maior patrimônio do povo nordestino, construído ao longo de quase sete décadas.

Nossa mais importante estatal tem função estratégica na defesa do maior bem da região, o Velho Chico.

Resgatar sua vitalidade, resgatar a produção de mais de 10.000 m3 de água por segundo, reabilitar e expandir suas matas ciliares, desenvolver atividades econômicas compatíveis com a boa utilização de suas margens, promover a gestão das suas águas, seus usos e principalmente, o interesse público, essa é a mais importante atividade a ser realizada.

Além de produzir e transmitir, a Chesf guarda em seus reservatórios mais de 70% da água doce do Nordeste.

Este tesouro é essencial para a vida e, segundo aponta relatório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), se tornará cada vez mais escasso nas próximas décadas.

Por outro lado, os profissionais da Chesf construíram e puseram em marcha todas as hidroelétricas do Nordeste.

Todas.

Estudos, projetos, obras, fiscalização, serviços complementares, comissionamento de insumos, produtos e equipamentos adquiridos nas mais distantes terras.

Troca de conhecimento e tecnologia com o mundo inteiro.

Com as melhores e maiores empresas de engenharia e tecnologia.

Capacitação internacional Realizaram operações críticas e bem sucedidas como a relocação de vilas, povoados e a construção de novas e bem-dotadas cidades para aqueles antigos moradores que deixaram suas histórias e lembranças por baixo das águas dos enormes lagos artificiais.

Trabalho social intenso e dedicado.

Como promover mudanças tão radicais sem deixar sequelas na população?

Só com muito empenho, amor, trabalho e dedicação.

Trabalhar para a Chesf é trabalhar para uma causa.

O bem comum de todos os nordestinos acima de quaisquer adversidades.

Isso está no espírito dos chesfianos.

Ciente de todo esse patrimônio material e imaterial, vem agora esse governo com uma conversa atravessada, troncha em bom “nordestinês”, nos dizer que “a empresa não é rentável e por isso tem que ser vendida”?!

Pior ainda, sem água no rio, por conta dos longos períodos de estiagem, afirmam que o preço será uma pechincha?

Tomemos por exemplo o que acontece nos Estados Unidos.

Sim, o vizinho do norte.

No mais capitalista dos países, a produção da água, seu controle, segurança e gestão estão nas mãos do maior grupo técnico militar do mundo – O Corpo de Engenheiros do Exército Americano.

Tente chegar perto de um reservatório.

A pé, de carro, de avião.

Sem chance.

Será preso, derrubado ou abatido, julgado e condenado por crime contra a segurança nacional.

Por aqui o assunto está virando mercadoria.

Como pode um governo vender aquilo que não lhe pertence?

Trata-se de patrimônio do povo do Nordeste.

Seu sacrifício, seu dinheiro, suas lágrimas.

Tem que nos perguntar se nós queremos isso.

E se vender?

Quem vai tomar de conta do rio?

Quem vai garantir a água para os projetos de irrigação, para os ribeirinhos, para as cidades?

Empresa pública não é pra ser rentável. É para prestar serviço.

Energia de boa qualidade e barata. É para servir de regulador de mercado.

Se a deles está cara, a nossa energia é mais barata e limpa.

Nos canais de irrigação se cria peixe.

Peixe é alimento, é vida.

Estamos cientes de tudo isso.

Não vamos ficar de braços cruzados esperando a morte chegar.

Que ninguém duvide da nossa resiliência e capacidade de luta pela nossa Chesf.

Somos mais de 36 mil profissionais do sistema CONFEA/CREA em Pernambuco e sabemos da importância de manter a empresa pública, nas mãos do povo.

Não aceitaremos a privatização de nossa empresa, muito menos de nosso rio.

Luiz Antônio Melo é engenheiro civil e de segurança do trabalho e candidato das oposições disputando a Presidência do CREA/PE.