Não dá em nada, não resolve nada, mas cria uma situação em que os políticos possam aparecer como defendendo algo, aparentemente bom.

Vira palanque.

Nesta semana que passou, deputados e senadores criaram a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Eletronorte, na Câmara dos Deputados, lançada para destacar a “soberania” e a “questão da água” na região amazônica como as principais preocupações do movimento caso a empresa venha a ser privatizada.

Com o Plenário 01 da Câmara lotado, foram confirmados os nomes do deputado Zé Carlos (PT-MA) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), como presidente e vice do colegiado, respectivamente.

A Frente já é uma das maiores do Congresso com a adesão de 220 parlamentares. “Nós precisamos garantir os apoios dos parlamentares que já se posicionaram contra a privatização do sistema e elétrico, a exemplo dos três senadores do Amazonas, e ampliar ainda mais essa lista”, discursou a senadora Vanessa Grazziotin, aplaudida pela plateia formada em grande parte por sindicalistas do setor elétrico.

O presidente do colegiado disse que os trabalhadores da Eletronorte deram “um show de mobilização” para concretizar a formação da Frente Parlamentar. “O povo brasileiro está entendendo que, para pagar o golpe, o Governo Temer não poupa as estatais.

Contudo, eles vão ter que nos engolir, pois não permitiremos o desmonte do setor elétrico”.

Um documento da Intersindical Norte, que reúne os sindicados de todos os Estados que estão sobre a abrangência da estatal, foi aprovado como documento base a ser trabalhado pelo colegiado. “Nele, o debate da soberania é central.

Alega-se que ao ser anunciado a venda das distribuidoras da Eletrobras, alguns grupos internacionais, entre eles, a estatal chinesa State Grid, manifestaram o interesse em comprar as empresas deficitárias”, acusam. “Tal empreitada evidencia interesses escusos quando se trata do território nacional.

O capital estrangeiro terá acesso a inúmeras localidades no interior da Amazônia e será permitida a entrada na maior biodiversidade do planeta”, denunciam as entidades sindicais.

Outra preocupação do grupo é a questão da água.

Na região está situado o Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga), “um dos maiores do mundo e localizado sob os estados do Pará, Amapá e Amazonas”.

A privatização pode acabar com todos os investimentos em pesquisa na região feitos pela empresa.

Nos últimos 14 anos, a Eletronorte investiu R$ 250 milhões em diversos programas de inserção regional.