De acordo com a Veja, o presidente da CPI da JBS, senador Ataides Oliveira (PSDB-TO), quer a prisão do ex-procurador da República Marcello Miller no caso da JBS.
O senador decidiu enviar uma representação à procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, para que ela faça o pedido de prisão junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), pelos crimes de exploração de prestígio e organização criminosa.
O pedido de prisão é feito após uma análise de centenas de documentos que chegaram à CPI, incluindo cópias de inquéritos da Polícia Federal (PF) e quebras de sigilo bancário e telefônico e transcrições dos depoimentos de investigados.
O senador leu pessoalmente toda a documentação e concluiu que o ex-procurador teve papel central no direcionamento da delação da JBS.
LEIA TAMBÉM » Em depoimento à CPI da JBS, Miller admite que fez ‘uma lambança’ » Eu não mandei gravar o presidente da República, diz Miller na CPMI da JBS » Nunca fui braço direito do Janot, diz ex-procurador Miller Na representação, o senador Ataides diz que a CPI “dispõe de um conjunto de evidências que robustecem a convicção de que o ex-procurador Marcello Miller integrou, de maneira muito clara, a organização criminosa chefiada pelos controladores dos grupo J&F e JBS”.
O senador diz ainda que, em posse de comunicações telefônicas e mensagens trocadas pelos empresários, advogados do grupo e o ex-procurador Miller, a CPI “conseguiu estabelecer uma cronologia dos fatos que evidenciam, com uma clareza solar, a participação efetiva e criminosa do então procurador da República, ex-integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato e da equipe de elite do MPF que negociava e consolidava os acordos de delação premiada, na preparação dos donos da JBS para a sua colaboração”.
Ainda de acordo com a Veja, são diversos telefonemas, e-mails e mensagens eletrônicas contendo “direcionamentos, sugestões de encaminhamento e dicas de como se portar e até mesmo um roteiro de negociação, no sentido de extrair os maiores benefícios para o grupo criminoso comandado pelos irmãos Batista”, diz a representação.
O senador diz que há, inclusive, a apresentação da conta detalhada de dos serviços, com os respectivos preços da “colaboração invertida” operada pelo ex-procurador. » Gilmar Mendes dá liminar que permite Miller não se incriminar na CPMI da JBS » PF faz buscas na casa do ex-procurador Marcelo Miller no Rio A CPI identificou grupo de WhatsApp criado para trocarem informações sobre a delação premiada. “Em todas essas situações, como fica claro na cronologia dos fatos, Marcelo Miller ainda ocupava o cargo de Procurador da República, nos meses de fevereiro e março de 2017”, diz a representação.
O senador tucano ainda lembrou que o ministro do STF, Edson Fachin, indeferiu pedido de prisão de Marcello Miller.
Atáides, no entanto, acredita que, diante da robustez dos novos dados e documentos obtidos pela CPI, “há fatos novos que podem embasar um novo pedido de prisão ao Supremo Tribunal Federal”, diz o senador.
Para ele, o ex-procurador Marcello Paranhos de Oliveira Miller “comprovadamente fez uso de suas elevadas atribuições, seu prestígio, bom relacionamento e conhecimento institucional para municiar de informações uma comprovada organização criminosa , da qual fazia parte quando ocupava o prestigioso cargo de Procurador da República”.
O senador lembra que Marcello Miller reconheceu que teve atitude imprópria e que fez uma série de “lambanças”, durante depoimento na CPI. “Nós temos, sim, é que acabar com as lambanças na política, na economia e nas instituições públicas”, disse o senador Ataides a VEJA.
A CPI encaminhou à procuradora-Geral da República informações sobre o procurador Ângelo Vilella e sobre o uso de informações privilegiadas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista no mercado financeiro.
Informações do portal da Veja