Estadão Conteúdo - O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (5) pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB-PE) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A matéria está sendo analisada na 2ª Turma do tribunal.
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Os recursos estariam relacionados a vantagens que o governo pernambucano, do PSB, daria às obras da refinaria, conforme relatado nas colaborações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.
Os valores obtidos com as doações teriam irrigado a campanha à reeleição de Eduardo Campos ao governo de Pernambuco, em 2010, em um esquema que teria contado com a participação do senador. » Gilmar Mendes assume relatoria da delação da Odebrecht sobre Fernando Bezerra Coelho » Campanha de FBC recebeu R$ 1 milhão por prioridade da Odebrecht em obra » Campanha de Eduardo Campos recebeu R$ 20 milhões ilegalmente, diz PF Foto: Nelson Jr./STF “Entendo que indiciariamente tem solidez para essa etapa do processo a conclusão segundo a qual o sistema de doações eleitorais foi usado como instrumento de ocultação e dissimulação de movimentação de valores de infração penal, no caso da corrupção passiva”, disse Fachin. “Essa fase (de análise do recebimento ou não da denúncia) não exige um juízo de certeza, mostrando-se o material indiciário, corroborado por outras provas além da colaboração, o que gera um conjunto de elementos, no meu modo de ver, apto ao recebimento da denúncia.
A denúncia não está amparada apenas em depoimentos de colaboração premiada, há outros indícios”, prosseguiu Fachin Divergência O ministro Gilmar Mendes abriu divergência no julgamento ao apontar que, na sua visão, não há elementos suficientes contra o senador. “Os indícios são claramente insuficientes.
A falta de prova de corrupção passiva afasta a questão da lavagem de dinheiro”, avaliou Gilmar Mendes. » FBC diz que Paulo Câmara abandonou Pacto pela Vida de Eduardo Campos » Raul Henry diz que FBC não fala pelo PMDB e o acusa de ‘cinismo’ » Briga entre FBC e Raul Henry entra para os ‘anais’ da Alepe “As construtoras tinham interesse no Estado a medida que estavam confortáveis com a administração, sem que isso represente ilícitos.
As corporações e multinacionais têm grande presença nacional, até maiores que no Estado, e não estão alheios em nenhum processo.
Um banco ou um grande conglomerado que decide apoiar alguém não faz por ilicitude, mas para apoiar um projeto”, comentou Gilmar Mendes.
Foto: Nelson Jr./STF Procurado pela reportagem, o gabinete do senador não havia respondido à reportagem até a publicação deste texto. » Delator da Odebrecht diz que entregou propina a Aldo Guedes através de dono de avião usado por Eduardo Campos » Odebrecht tentou pagar propina a Eduardo Campos por conta na China, diz delator » Delator diz que avião usado por Eduardo Campos era de Aldo Guedes, afirma Veja Gilmar, no entanto, acompanhou Fachin no recebimento da denúncia contra outros dois acusados, Aldo Guedes e João Carlos Lyra, mas defendeu o envio desses casos para instâncias inferiores, por envolverem pessoas sem a prerrogativa do foro. “A melhor decisão é cisão do julgamento, levando os outros acusados para as instâncias devidas”, ponderou o ministro.
Ainda fazem parte da 2ª Turma Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.