Sem alarde, uma decisão do ministro Edson Fachin, publicada no Diário de Justiça do Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 21 de novembro, confirmou que o empresário João Calos Lyra Pessoa de Melo Filho fez acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato e que o acordo já foi homologado pelo relator no STF.

Assinada em janeiro e homologada em setembro, delação de João Carlos Lyra continua sob sigilo no STF Em trecho de decisão do ministro Fachin, assinada em 17 de novembro, o relator da Lava Jato cita acordos de colaboração de João Calos Lyra e do empresário Arthur Roberto Lapa Rosa.

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Os advogados de Aldo Guedes pediram o adiamento da sessão que iria decidir o recebimento ou não da denúncia criminal no inquérito.

O argumento era que o advogado pernambucano Ademar Rigueira não poderia comparecer ao STF por ter outros compromissos.

Fachin indeferiu o pedido, sob o argumento de que Aldo Guedes tinha outros advogados constituídos nos autos.

João Carlos Lyra Pessoa de Melo, apontado como dono do avião que vitimou em acidente o ex-governador Eduardo Campos (PSB), foi alvo da Operação Turbulência, deflagrada pela Polícia Federal em Pernambuco, em junho de 2016. » TRT-SP diz que acusado na Turbulência pagou salários de pilotos de Eduardo Campos e pede indenização » Recife chega ao segundo turno sem debater Turbulência e Lava Jato » Em crítica à Operação Lava Jato, PT de Pernambuco cobra a Sérgio Moro até soltura de presos na operação Turbulência » Acusados na Operação Turbulência deixam prisão e vão responder em liberdade Arthur Roberto Lapa Rosal, também alvo da Operação Turbulência, é uma figura bastante conhecida no interior de vários estados do Nordeste.

Tuta Rosal, como é conhecido, é famoso por seu talento como vaqueiro, inclusive já foi eleito o melhor vaqueiro amador do Brasil.

Na época, a Polícia Federal indiciou o mesmo como “laranja” de supostos esquemas de lavagem de dinheiro.

Segundo o trecho publicado no Diário de Justiça do STF, ambos fizeram acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e já teriam prestado vários depoimentos.

O trecho da decisão do relator da Lava Jato ainda confirma a informação de que a delação de João Calos Lyra está nos autos sigilosos PET 6601, que tramitam até hoje no STF.

Advogados locais observaram que a última movimentação foi ajuntada de uma petição nesta quarta-feira (29) e o envio da mesma para o gabinete de Fachin.

A delação de João Calos Lyra e Arthur Roberto Lapa Rosa continua sob sigilo, mesmo depois de homolodada. “A manutenção deste sigilo difere do procedimento adotado por Fachin nas delações da Odebrecht e JBS, por exemplo, que após a homologação foram liberadas na íntegra pela imprensa”, observa uma fonte local.

Pelos autos, João Carlos Lyra prestou pelo menos sete “termos de depoimento”. » Operação Turbulência: Polícia Civil confirma que Morato se matou » Turbulência: Pedro Corrêa mentiu para tentar proteger políticos do PP de Alagoas e encobrir esquema de desvios da Petrobras, diz MPF » Turbulência: celular e Ipad deram pistas para desvendar rede de relacionamento e empresas fantasmas da operação da PF » MPF diz que ‘organização criminosa’ da Turbulência usou rede de postos de gasolina para lavar dinheiro Já sobre Tuta Rosal, ao menos nesta decisão de Fachin, só é mencionado um termo de depoimento.

Segundo um advogado criminalista consultado pelo Blog, sob reserva de fonte, na rotina das delações da Lava Jato, em cada um destes “termos” o delator indica crimes sobre uma pessoa ou situação.

Assim, cada termo pode dar origem a uma nova investigação ou operação diferente. “Foi seguindo este procedimento, de cada “termo” poder dar origem a uma nova investigação ou operação, que a Lava Jato de Curitiba se remificou em várias outras operações e estados”, explica o jurista.