De acordo com a reportagem do G1 desta quarta-feira (29), a Polícia Federal apontou em relatório, indícios de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) usava dois celulares com linhas telefônicas supostamente registradas em nome de laranjas para fazer ligações sigilosas.

Segundo a reportagem, o relatório foi elaborado a partir da análise de objetos e documentos que foram apreendidos em maio deste ano, no apartamento do senador em Ipanema, no Rio de Janeiro.

As ordens judiciais de busca e apreensão foram expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal federal (STF) e relator da Lava Jato, Edson Fachin, com base na delação premiada do empresário Joesley Batista, do grupo JBS.

LEIA TAMBÉM » PF achou anotações de valores da Odebrecht e Braskem na casa de Aécio » Aécio devia colocar o pijama e voltar para casa, diz deputado tucano » Irmã de Aécio responderá com tucano a denúncia no STF, decide 1ª Turma Joesley gravou Aécio pedindo a ele R$ 2 milhões para, supostamente, pagar os honorários do advogado que o defendia nos processos da Lava Jato.

De acordo com a perícia da PF, “aparelhos celulares simples” foram encontrados pelos agentes na sala de TV e no closet do apartamento. “Pelas descrições dos itens 20 e 25 acima, tratam-se de aparelhos telefônicos simples/descartáveis normalmente utilizados para conversas ponto-aponto (análogo a uma rede fechada) com pessoas determinadas/restritas de modo a evitar eventuais vazamentos do número utilizado na ligação, visando a maximização do sigilo das ligações”, aponta o relatório da PF.

Os aparelhos de celulares pré-pagos estavam registrados em nome de duas pessoas diferentes: Laércio de Oliveira, agricultor que trabalha no cultivo de café em fazendas do interior de Minas e Mitil Ilchaer Silva Durao, montador de andaimes com endereço registrado no Espírito Santo. » ‘Bem próximo da inhaca do poder’, diz Daniel Coelho sobre Aécio A perícia ainda destacou que Laércio de Oliveira “é uma pessoa simples, agricultor de café que, em tese, não pertence ao convívio social” de Aécio, sugerindo que, por esse motivo, os dados pessoais do agricultor podem “ter sido usados para habilitação da linha sem o seu consentimento”.

Segundo a reportagem, além das duas linhas telefônicas, os peritos da PF descobriram que um dos aparelhos já havia sido registrado em nome de pessoas que tinham sido empregados da irmã de Aécio, Andréa Neves.

Os supostos laranjas eram Valquiria Julia da Silva, que trabalha como empregada doméstica de Andréa Neves desde 2009, e Agnaldo Soares, que trabalhou como motorista da irmã de Aécio no ano passado.

O advogado de Aécio, Alberto Toron, afirmou que não poderia comentar as conclusões do relatório da PF porque não teve acesso ao documento. “Eu não tive acesso ao documento.

Para responder qualquer coisa, teria que consultar Aécio para ter meios de responder.

Sem falar com ele, é absolutamente impossível responder qualquer coisa a esse respeito”, disse Toron.