Pivô da crise em torno da delação premiada da JBS, o ex-procurador da República Marcelo Miller afirmou na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, nesta quarta-feira (29) que nunca foi “braço direito” do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

O ex-procurador também afirmou que Janot não sabia que ele tinha atuado para executivos da JBS na fase preparatória do acordo de delação. “Eu achei graça quando vi no jornal dizendo que eu era braço direito dele [de Janot]”, declarou.

LEIA TAMBÉM » Joesley fica em silêncio na CPMI da JBS » CPI da JBS quer responsabilizar ex-procuradores Segundo Miller, nem Janot nem o então chefe de gabinete da Procuradoria-Geral da República (PGR), Eduardo Pelella, sabiam de sua atuação com a empresa. “O doutor Pelella, pelo menos por mim, não teve nenhum conhecimento da atividade preparatória que desempenhei em fevereiro e março na JBS”, disse Miller.

Ao ser perguntado sobre se Janot teve conhecimento dessa atividade, o ex-procurador respondeu que “menos ainda”.

Após assinar o acordo de delação da JBS, a própria PGR, então chefiada por Janot, abriu uma investigação sobre a assinatura do termo de colaboração para apurar se houve atuação irregular de Miller nas negociações para fechar a delação da JBS. » Janot aponta perseguição em CPMI e diz que ‘roteiro de delação’ incrimina Miller A PGR quer descobrir se Miller auxiliou os delatores durante a negociação do acordo quando ainda estava ligado à Procuradoria.

Após deixar o cargo de procurador, Miller passou a atuar como advogado num escritório que trabalhou na negociação do acordo de leniência da JBS, espécie de delação premiada feita pela empresa.

Os advogados de Miller afirmam que a atuação dele na JBS foi eita de forma legal e que ele “jamais se utilizou de informações às quais tinha acessos em razão de sua posição para beneficiar quem quer que fosse”.