Um almoço fechado do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) com parlamentares ruralistas expôs nessa terça-feira (28), divergências entre o pré-candidato ao Palácio do Planalto e o setor do agronegócio.
O encontro foi na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), no Lago Sul.
O discurso de Bolsonaro contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a repetição de uma promessa feita durante a semana de que distribuiria fuzis para fazendeiros enfrentarem “invasores” de terra não foram suficientes para garantir uma liga entre o candidato e o setor. “A gente quer segurança.
A gente não quer uma pessoa que traga mais insegurança”, afirmou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que foi um dos poucos parlamentares a usar o púlpito montado na sede da FPA para falar.
LEIA TAMBÉM » A um ano das eleições, Bolsonaro, Lula e Dória registram maiores ativos digitais no Facebook » Bolsonaro suaviza discurso militar e exalta democracia » Bolsonaro assina filiação ‘pré-datada’ ao Patriota “Essa campanha está nascendo como uma guerra de marketing.
Estão mais preocupados em dar declarações que comovam a opinião pública do que fazer análises profundas”, disse Sávio. “Às vezes somos estigmatizados.
O setor agropecuário não pode e não tem o egocentrismo de pensar o Brasil só sob o olhar do campo e da produção.
Olhamos questões como saúde, educação e segurança.” Uma boa parte dos deputados evitou dar declarações.
Eles saíram afirmando, de forma reservada, que Bolsonaro foi “genérico” e “inconsistente”.
Em entrevista, Bolsonaro reclamou que um deputado, referindo-se a Sávio, o tinha chamado de radical e que 90% dos presentes tinham sido receptivos. “Quero ver se esse vaselina vai resolver o problema da violência.
Ele que apresente uma solução”, afirmou Bolsonaro. “Tem de radicalizar contra o MST, mas radicalizar dentro da lei.” » ‘Meu medo é que a coisa nova termine sendo algo como Bolsonaro, representante do autoritarismo’, diz Cristovam Buarque ‘Porteira fechada’ Bolsonaro disse que, caso seja eleito, entregará o Ministério da Agricultura de “porteira fechada” para o setor indicar técnicos, do ministro aos assessores.
O deputado Luiz Nishimori (PR-PR) disse ter gostado do discurso de Bolsonaro, mas reconheceu que não é novidade ministro da Agricultura ser escolhido pelo setor. “Isso é normal.” O pré-candidato divergiu de setores do agronegócio ao se opor a proposta de venda de terras para estrangeiros. “Não sou nacionalista.
Sou patriota.
Quem quer comprar é a China.
Ela que vai decidir o alimento que plantará.
O que a gente vai comer amanhã?”, questionou. “Agora, se o setor quer vender, eu obedeço " Bolsonaro disse que saía do almoço “confiante”. » Bolsonaro confirma ida ao Patriota: ‘todo mundo perde para Brasil ganhar’ O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), líder da FPA, foi questionado sobre as críticas reservadas de parlamentares a Bolsonaro. “Na verdade, o importante para a frente é que não estamos escolhendo nosso candidato”, disse.
Leitão ressaltou que a frente já recebeu o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito João Doria (PSDB). “Nós utilizamos os pré-candidatos para que eles verbalizem e entendam o sentimento do setor.
Eu acho que para isso foi muito bom (o encontro com Bolsonaro).
Ele disse que compreende o sentimento do setor e é contra o debate ideológico.”