Normalmente, os partidos de esquerda são os únicos a tentar satanizar os adversários, quando não fecham com suas orientações.

Neste momento, os discursos lembram aos deputados aliados do governo Federal que haverá eleições em 2018 e que quem votar a favor da reforma será exposto em praça pública.

O objetivo é constranger os deputados, diante do funcionalismo público, em todos os poderes.

O fato novo é que aliados de Temer parecem adotar a mesma prática, ameaçando expor os adversários que não votarem com a reformas.

Na avaliação do vice-líder do Governo, o parlamentar que votar contra a reforma estará votando contra o Brasil e a favor dos privilégios. “Não fazer a reforma é interromper o processo de recuperação da economia, e isso vai levar o País de volta para o fundo do poço.

Faltará dinheiro para a saúde, educação, segurança, infraestrutura, ciência e tecnologia e até para pagamento das aposentadorias”, disse Perondi. “Apenas 25% dos trabalhadores mais ricos serão afetados pela reforma, justamente os altos funcionários da iniciativa privada e, principalmente, os privilegiados do serviço público, como promotores, juízes, auditores, deputados e senadores, que se aposentam cedo e com altos vencimentos”.

Segundo destacou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do Governo na Câmara, “ficaram de fora todos os idosos e todo o pessoal do campo.

Tudo isso está viabilizando a aprovação da matéria na Câmara ainda este ano. É óbvio que os deputados terão que ler e estudar melhor o texto da emenda aglutinativa.

Não será fácil, mas estamos trabalhando”, afirmou.

A Câmara dos Deputados deve votar em plenário, ainda no mês de dezembro, uma Emenda Aglutinativa à proposta de Reforma da Previdência, já aprovada por uma Comissão Especial.

O novo texto se apresenta como uma versão bem mais enxuta ao retirar todas as medidas que pudessem afetar os trabalhadores mais pobres, o trabalhador rural e o benefício assistencial ao idoso de baixa renda (BPC).

A emenda aglutinativa mantém as idades mínimas em 65 anos para homens e 62 anos para mulheres.

O tempo mínimo de contribuição, por sua vez, ficou em 15 anos para trabalhadores do INSS e 25 anos para servidores públicos.

A regra de transição prevê elevação gradual das idades mínimas em um ano a cada biênio, começando com 53 anos para mulheres e 55 anos para homens, no INSS, e 55 anos para mulheres e 60 anos para homens no caso de servidores.

O texto também mantém o teto de dois salários mínimos para a acumulação de pensão e aposentadoria.

Há, no entanto, quem defenda a ampliação para três salários mínimos ou mais.

A acumulação de duas pensões ou de duas aposentadorias pelo mesmo regime continua vedada.

O presidente Michel Temer está empenhado em conseguir os 308 votos necessários para a aprovação da Emenda Constitucional na Câmara e afirmou que haverá um “colapso” no cenário econômico caso a reforma da Previdência não seja aprovada.

Já o Ministério da Fazenda diz que a nova proposta representará 60% da economia de quase R$ 800 bilhões em dez anos prevista no texto original da reforma.