Uma semana após a inauguração do ambulatório LGBT na Policlínica Lessa de Andrade, no Recife, o deputado estadual Adalto Santos (PSB), da bancada evangélica, criticou a iniciativa da gestão do correligionário Geraldo Julio.
O socialista afirmou nesta quinta-feira (23), durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa, que vai enviar ofício à prefeitura pedindo que a medida seja revista. “O que me preocupa é saber por que criar um ambulatório para atender pessoas LGBTs.
Por que não também para os idosos e o pessoal que vive na rua?”, questionou.
A proposta do ambulatório é enfrentar preconceitos e fazer com que a a população LGBT possa ter um olhar diferenciado sobre as peculiaridades que envolvem sua saúde, especialmente as pessoas trans. “Cerca de 90% dos trans utilizam hormônio sem prescrição médica.
O ambulatório vai regular e acompanhar isso, pois pode haver complicações futuras, como cardiopatias e câncer de fígado e pâncreas”, explicou ao Jornal do Commercio no dia da inauguração o coordenador da Política de Saúde LGBT do Recife, Airles Ribeiro.
A ideia é facilitar o primeiro acesso à saúde, uma reivindicação de mais de dez anos dos grupos LGBT.
Por ter falado no dia da inauguração do ambulatório que o equipamento é uma forma de as pessoas serem ouvidas em necessidades como o processo de transexualização, o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, foi criticado pelo deputado. “O atendimento da saúde tem que ser para todos, não pode ser só para um grupo, ou a saúde vai continuar com dificuldades”, reclamou. “Enquanto milhões de pessoas saem do Interior, pegam uma fila para, às vezes, ter atendimento no dia seguinte, nesse novo ambulatório a pessoa pode chegar e já ser logo atendida.
Eu acho que esse não é o caminho.” São 20 atendimentos por semana, de segunda a quinta-feira, das 13h às 17h.
Os pacientes passarão por uma sala de acolhimento e triagem e serão assistidos por equipe multiprofissional, formada por médico, enfermeiro, psicólogo, além de residentes do Programa Multiprofissional de Saúde da Família.
De acordo com o documentário, Por Que o Brasil é o País que Mais Mata Transexuais no Mundo, exibido pela TV Brasil em junho de 2016, Pernambuco é o quarto estado do País em número de homicídios de pessoas trans.
Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, no mesmo ano, foram registrados no Brasil 343 assassinatos de pessoas LGBTs, sendo que 42% eram trans.