À espera do projeto de urbanização anunciado há 17 anos, moradores da Comunidade do Pilar, no Bairro do Recife, aproveitaram a visita do presidenciável e governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), neste domingo (19), para reivindicar moradias.
A principal cobrança foi para o pernambucano Bruno Araújo, que deixou o Ministério das Cidades essa semana e, com a saída dele do cargo, ficou a dúvida se a proposta anunciada vai sair do papel.
Antes de pedir demissão, Araújo acertou a construção de dois conjuntos na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, o que também é questionado. “Nunca estudei, nunca trabalhei.
Como vou pagar?”, perguntou Safira Gonzaga, 43 anos, enquanto aguardava o “homem de São Paulo”, cujo nome não sabia, para pedir o habitacional.
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Muitos vivem de esmolas, da Rua do Imperador (no Centro do Recife)”, defendeu.
Entrada do barraco de Safira, no Pilar (Foto: Amanda Miranda/NE10) Do projeto inicial, que previa a entrega de cerca de 580 unidades e teve as obras iniciadas em 2010, ainda quando João da Costa (PT) era prefeito, aproximadamente 80 foram concluídas. “Os primeiros receberam de graça e por que vamos pagar?”, perguntou Safira. “Lá, muita gente não consegue nem pagar energia porque não tem dinheiro.” Moradora do Pilar há 25 anos, Genilda da Silva, 57, foi uma das contempladas com os conjuntos que foram concluídos, mas foi questionar a entrega dos outros. “Todos merecem”, afirmou.
Para ela, o poder público não tem atenção com a comunidade. “O prefeito Geraldo Julio (PSB) vê a gente de binóculo”, ironizou.
A área fica em frente à Prefeitura do Recife. “João da Costa vinha, abraçava e tomava café na casa da gente, mas nunca mais vi os políticos por aqui.” Fora do ministério, Bruno Araújo garante obra Após visitar a Igreja de Nossa Senhora do Pilar com Alckmin, Bruno Araújo foi conversar com Safira e outros moradores e aguardavam do lado de fora - segundo eles, porque o padre informou no sábado (18) que haveria a visita do tal “homem de São Paulo”.
O ex-ministro assegurou que a verba seria repassada e ressaltou que, além dos conjuntos, está previsto o saneamento da comunidade. “É um programa do Estado brasileiro, que, uma vez formalizada independe, da vontade pessoal de a, de b ou de c”, garantiu. “Boa parte dos recursos já foi depositada na conta da Caixa (Econômica Federal) específica, fora o Orçamento corrente.” Bruno Araújo e Alckmin conversam com Genilda (Foto: Amanda Miranda/NE10) Já fora do cargo, o primeiro ministro do PSDB a desembarcar do governo Michel Temer (PMDB) defendeu que as operações pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) têm faixas consideradas baixas e que a prestação fica entre R$ 0 e R$ 80, o que será analisado quando metade da obra estiver pronta. “O fato de você não poder pagar nada não significa que esta excluído, pelo contrário, significa que é uma prioridade”, afirmou.
Diante da queixa sobre a manutenção das casas, Bruno Araújo lembrou que antes de deixar o ministério assinou uma portaria obrigando a instalação de placas de energia solar em todos os conjuntos do Minha Casa, Minha Vida, barateando os custos.