À frente do Ministério da Educação desde maio de 2016, com a saída da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o pernambucano Mendonça Filho criticou, em entrevista ao cientista político Antônio Lavareda, no programa 20 minutos, as gestões petistas na pasta.

O democrata afirmou que, apesar de o orçamento para a área ter triplicado e os investimentos em educação terem duplicado nos últimos 12 anos, o Brasil “patinou” em indicadores como o Pisa, em que vai da 59ª à 66ª colocação entre 70 países, e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que, na avaliação dele, “ou está estagnado ou muito mal das pernas”. “Não tem outra expressão.

Realmente foi uma tragédia do ponto de vista de trabalho realizado à frente do ministério”, disse Mendonça Filho. “Não que não possa ter pontos positivos, mas o conjunto da obra, para ser direto e assertivo, sem componente politico ou de disputa politica, de fato foi um tremendo fracasso”, afirmou.

O pernambucano disse que o País não investe pouco em educação, mas o que pesa é a qualidade dos gastos. “O que há na verdade é uma inversão de prioridades, que se deteriorou nos últimos 12 anos de gestões do Partido dos Trabalhadores”, disse.

Segundo o ministro, no fim do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), metade dos investimentos eram destinados à educação básica e metade ao ensino superior, enquanto nos governos petistas passaram para 40% e 60%, respectivamente. “Ninguém vai se contrapor à necessidade de acesso à educação superior, mas há forte necessidade de investimento na educação básica, até para que os mais pobres possam chegar à universidade.

Em segundo, ter qualidade no investimento para que cada centavo investido em educação chegue na ponta para atender às crianças e aos jovens.” O ministro reconheceu que essa situação da educação brasileira não é recente. “Lógico que a história do Brasil nunca foi muito exitosa no campo educacional, de politica pública que possa gerar equidade e igualdade de oportunidades.

E a gente tem que corrigir isso”, defendeu.

Mendonça Filho defendeu a reforma do ensino médio. “Vai transformar o ensino médio em algo mais atrativo. É muito comum constatarmos com jovens que estudam no nível médio o sentimento de apartação”, disse. “É como se por ventura os conteúdos disponibilizados não dialogassem efetivamente com a sua vida e com os seus projetos de vida.

Os jovens se sentem distantes dessa realidade”, afirmou.

Para o ministro, as mudanças vão trazer flexibilidade curricular - já que terá 60% da Base Nacional Comum Curricular, esperada para o primeiro quadrimestre de 2018 -, protagonismo do jovem e possibilidade de formação técnica.